Nas últimas semanas o governo federal chegou a discutir publicamente com o setor de siderurgia pedindo mais investimento no país. No entanto, empresários do setor fizeram cálculos a argumentam que não existe espaço para o aumento da capacidade de produção de aço, mesmo com os sinais de recuperação da economia.

A conta foi feita pelo Instituto Aço Brasil (IABr) e elas mostram que a soma da capacidade de produção de todas as empresas do segmento no Brasil (de oito grandes grupos) é suficiente para uma demanda 117% superior à demanda atual de aço no mercado interno.

No período mais agudo da crise, a indústria siderúrgica chegou a reduzir sua capacidade produtiva em 47% da capacidade total.

Atualmente, o setor opera utilizando 78% do total possível. No período pré-crise, esse total chegava a 90%. Como não há indícios de retomada nestes níveis, novos investimentos estão praticamente descartados.
De acordo com o IABr, o parque siderúrgico brasileiro tem condições de produzir 42 milhões de toneladas de aço bruto ao ano. Com as usinas que já estão em construção, o setor fechará 2010 com capacidade de 43,5 milhões. Outro ponto é que a demanda interna representa menos da metade deste potencial.

Quando pediu mais investimentos do setor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva argumentou que na China a produção é de 545 milhões de toneladas/ano e que parte deste total é com minério brasileiro. O governo usa estes dados para pressionar novos investimentos da Vale.

A grande questão é que, segundo o levantamento, a demanda interna de aço fechará o ano em 19,3 milhões de toneladas, sendo que a previsão para o ano que vem é de 21,1 milhões de toneladas. O IABr enviou os dados para mostrar ao governo que não há a necessidade de aportes.
Os empresários do setor pediram um encontro com o presidente Lula para expor o panorama mundial da siderurgia. Estudos apontam que a produção global deverá chegar a 1,9 bilhão de toneladas em 2011, para uma demanda de 1,3 bilhão de toneladas.

“Antigamente, o planejamento do setor siderúrgico ficava nas mãos do governo. Isso levou a um erro histórico em 2002, quando estimaram uma demanda de 40 milhões, o que nunca aconteceu”, disse o vice-presidente executivo do instituto, Marco Polo de Mello Lopes, em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Para ele, a demanda que surgirá com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 pode ser suprida com a capacidade atual.


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Produção de aço no Brasil pode ser até 117% maior que demanda atual

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