Os países do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) consideram “pouco realista” esperar que se alcance um acordo definitivo sobre mudança climática em Copenhague, e, no lugar, apoiarão uma solução em “dois tempos”.

Os líderes de 19 países, incluindo o americano Barack Obama e o chinês Hu Jintao, se reuniram neste domingo em um café da manhã informal não anunciado à margem da cúpula do Apec, organizado pelo primeiro-ministro australiano, Kevin Ruud, e pelo presidente mexicano, Felipe Calderón.

O primeiro-ministro dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, viajou durante a noite especialmente para participar deste café da manhã de trabalho, no qual foi analisada a situação das negociações diante da conferência da ONU em Copenhague, em dezembro, para um pacto contra a mudança climática.

Segundo o conselheiro adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca, Michael Froman, os “líderes consideraram que “é pouco realista esperar que daqui ao começo de Copenhague, em 22 dias, seja possível conseguir um acordo internacional legalmente vinculativo”.

Nenhum dos presentes, incluindo Obama, “acha que seja provável que cheguemos a um acordo definitivo em Copenhague e, no entanto, acreditam que é importante que Copenhague sirva para dar um passo adiante”, acrescentou o alto funcionário. Ao mesmo tempo, os líderes – reunidos por ocasião da cúpula do Apec, em Cingapura – consideram “importante que Copenhague tenha êxito, com a conquista de progressos verdadeiramente concretos”. Por isso, disse, mostraram-se de acordo em apoiar uma proposta de Rasmussen, descrita como “um acordo em dois passos”.

Em Copenhague, os líderes buscariam um acordo “politicamente vinculativo” que expresse a vontade de seguir adiante, e que conteria “todos os aspectos principais das negociações, incluindo a tecnologia, o financiamento e a redução” de emissões poluentes.

No entanto, os compromissos específicos – e os números sobre a redução de emissões poluentes – ficariam para outra cúpula posterior, segundo a proposta apresentada por Rasmussen.

O presidente americano falou em apoio à proposta do primeiro-ministro dinamarquês, e pediu que os outros fizessem o mesmo, ao indicar que não se deve “deixar que o perfeito seja inimigo do bom”.

O objetivo da reunião de Copenhague, prevista ente 7 e 18 de dezembro, é chegar a um acordo sobre mudança climática que substitua o protocolo de Kyoto, que expira em 2012, e que inclua objetivos para reduzir os gases poluentes, mas também estabeleça financiamento para ajudar os países pobres a também tomarem medidas contra a mudança climática. Segundo Froman, a proposta de Rasmussen foi bem recebida, incluindo pelo presidente da China.

Um dos principais obstáculos nas negociações diante da reunião de Copenhague foi a resistência de Pequim em aceitar objetivos obrigatórios de redução de emissões.

Outro obstáculo foi a posição dos Estados Unidos. Embora Obama pessoalmente apoie a redução de emissões poluentes, até o momento, o Congresso dos EUA se mostrou reticente a aprovar medidas que reduzam a emissão desses gases. A China e os Estados Unidos são os dois principais países emissores de gases poluentes do mundo.

A cúpula do Apec é a última grande reunião de líderes mundiais antes da reunião em Copenhague. Em seu comunicado final, os 21 países do Apec devem lançar uma chamada para o êxito da reunião de Copenhague, mas foi eliminado do texto definitivo o apoio a uma redução das emissões em 50% até 2050 a respeito dos níveis de 1990.


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Líderes do Apec acham "pouco realista" acordo definitivo em Copenhague

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