Quem escuta a voz doce da vocalista do Manacá, Letícia Persiles, entoando a abertura da faixa Flor de Manacá, muitas vezes não imagina que está ouvindo a mesma voz da personagem Capitu, imortalizada pelo escritor Machado de Assis.

A atriz e cantora carioca foi a protagonista da minissérie Capitu, exibida pela Rede Globo em dezembro do ano passado. E foi a partir daí que o grupo formado por Letícia (voz, pandeiro e castanholas), Luiz Cesar Pintoni (guitarra e bandolim), Bruno Baiano (bateria e percussão) e Daniel Wally (baixo, pandeiro e percussão) despontou para o sucesso, emplacando cinco músicas na trilha sonora da minissérie.

O primeiro álbum de estúdio já era uma realidade – empresariados pelo músico Marcelo Lobato, o Manacá entrou em contato com a gravadora EMI e no final de 2008 já tinha um álbum no forno. Mas o homônimo Manacá só chegou às lojas nesta semana, em outubro de 2009, muito depois do gancho da minissérie ter evaporado.

“Nós também não sabemos porque o álbum não saiu”, afirmou a vocalista Letícia Persiles. “A questão é delicada: quando se assina um contrato com uma grande gravadora, não se tem mais controle de nada. E eles decidiram lançar o álbum agora”, completou, afirmando que de qualquer forma os fãs não ficaram sem ouvir o debut da banda.

“Como o álbum vazou logo, todas as músicas já estavam rodando na internet faz muito tempo. Não sei se isso ajudou a gente ou não, mas de qualquer forma os fãs puderam ter acesso. Além disso, nós estivemos trabalhando normalmente e fazendo participações em programas de TV nesse tempo”, contou Letícia.

Segundo ela, o tempo que o álbum ficou engavetado fez com que as faixas que hoje são apresentadas nos shows do Manacá sejam completamente diferentes do registro em CD. “É natural que hoje em dia a gente tenha modificado os arranjos, a sonoridade. Eu diria que o álbum, hoje, não é mais representativo do que é o show do Manacá, muita coisa mudou. O show tem mais nuances, pega mais pelo lado da música cigana, da riqueza e variedade de instrumentos como bandolim, violoncello e castanholas”, descreve a vocalista.

Além de fazer parte da estrelada lista de artistas da EMI, o Manacá foi produzido, logo em sua estreia, pelo experiente Mário Caldato, que já trabalhou com artistas como Beastie Boys, Super Furry Animals, Nação Zumbi e Seu Jorge. “Fazer nosso disco de estreia com o Mário Caldato foi incrível, uma experiência absurda. Mesmo porque quando entramos em estúdio ainda éramos uma banda inexperiente. E trabalhar com o Mário foi particularmente bom porque tudo que queríamos para o álbum acabou entrando: os músicos de apoio que nós pedimos, os instrumentos diferenciados, tudo”, garantiu Letícia.

O som do Manacá é difícil de definir: a sonoridade, que mistura influências da música cigana e do leste europeu com música tradicional brasileira, traz toda uma bagagem folclórica, e muitas vezes é definida como música de tradição nordestina.

“Essa definição é um erro. Na verdade, o som Manacá não é uma coisa específica do Nordeste, não tem nada a ver. Tem muita coisa de congada mineira, por exemplo, além de música cigana. O que existe de fato no nosso som é o resgate de sons tradicionais do Brasil, sons de raiz, que não existem apenas no Nordeste”, afirmou a vocalista do grupo.

Por enquanto, o Manacá se prepara para a turnê do álbum, e já estuda o lançamento do primeiro clipe, Diabo.


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Letícia Persiles, vocalista do Manacá, fala sobre o álbum de estreia da banda