O primeiro-ministro do Haiti, Jean Max Bellerive, disse nesta terça-feira (2) que mais de 200 mil mortos já foram contabilizados após o terremoto do último dia 12 e que este número não inclui os corpos que ficaram sob escombros nem as vítimas enterradas por suas próprias famílias.

 

Bellerive divulgou estes dados durante uma visita ao Senado haitiano, onde falou aos parlamentares sobre a necessidade de mudar a estrutura de Governo para poder enfrentar a crise provocada pelo terremoto.

 

“O Governo, tal como está constituído agora, não pode apresentar resultados frente a esta situação”, disse o chefe do Executivo, que ofereceu como alternativas formar um gabinete de crise, com uma redefinição da missão dos ministros, ou deixar o gabinete como está e criar um comitê nacional de crise. Bellerive pediu ao Senado para que discuta suas sugestões já na sessão desta terça.

 

Em um balanço global da gestão do Governo, o primeiro-ministro explicou que após o tremor foi necessário adotar medidas urgentes para conseguir o restabelecimento das comunicações, a retirada dos cadáveres das ruas e a reordenação do trânsito na devastada capital, Porto Príncipe.

 

Bellerive falou também sobre os problemas de infraestrutura no aeroporto da capital, o que impediu a chegada de aviões com ajuda, e disse que há “uma frustração da população e também do Governo” na distribuição da ajuda.

 

Segundo ele, o problema principal é que a ajuda passa pelas ONGs em vez de pelo Governo, e “muitas das entidades não estavam prontas para isso”.

 

Além disso, de acordo com o primeiro-ministro, outro problema na distribuição da ajuda é que os desabrigados pelo terremoto estão misturados a outras pessoas pobres que já viviam de forma precária antes da catástrofe, o que dificulta a distribuição da ajuda e cria “tensões”.

 

Em sua opinião, a questão não é reconstruir o que foi destruído, já que a situação antes do terremoto já não era boa, e ressaltou que 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do Haiti foi destruído em 35 segundos.

 

O senador da Organização do Povo em Luta (OPL) Andris Riche interpretou o discurso do chefe de Governo como “uma rendição”.

 

Segundo Riche, o primeiro-ministro se deu conta de que “o Governo é incapaz de garantir o acompanhamento” e a gestão dos problemas atuais.

 

Para o senador, a atual prioridade é conseguir reconstituir os três poderes do Estado.


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Haiti confirma mais de 200 mil mortes após terremoto