O ministro da Justiça do Reino Unido, Jack Straw, ordenou hoje a libertação do inglês Ronald Biggs, conhecido como o “ladrão do século” por ter assaltado o trem pagador de Glasgow (Escócia), em 1963. Biggs, que neste fim de semana completará 80 anos, foi libertado pela compaixão das autoridades em relação ao seu delicado estado de saúde.

No último dia 28, o assaltante inglês, que passou anos foragido no Brasil, foi transferido de sua cela na prisão de Norwich, no leste da Inglaterra, para um hospital próximo. Os médicos que atenderam Biggs, internado com pneumonia severa, disseram que “não há muita esperança” quanto à recuperação dele.

Em 1º de julho, Straw chegou a negar a liberdade ao famoso criminoso, por este “não ter se arrependido do crime” que cometeu. Mas, aparentemente, “questões médicas” fizeram o ministro mudar de opinião.

“Os testes médicos mostram claramente que Biggs está muito doente e que seu estado se agravou recentemente, o que culminou em sua volta ao hospital. Não há esperanças que seu estado melhore”, afirmou o ministro na decisão de hoje. “Por esse motivo, concedo a Biggs uma liberdade compassiva, baseada em razões médicas”, concluiu Straw.

O assaltante inglês passará a noite no hospital, sob a supervisão de três funcionários do sistema carcerário. Ele só poderá sair à rua de manhã. No sábado, dia em que comemorará seu aniversário, ele já será um homem livre.

Michael, filho que Biggs teve no Brasil e que nos anos 1980 participou do programa infantil <i>Balão Mágico</i>, se disse “maravilhado” com a decisão. “Espero que meu pai sobreviva o suficiente para comemorar seus 80 anos no sábado”.

Já o advogado do inglês, Giovanni Di Stefano, afirmou que seu cliente “foi libertado para morrer”, o que “não pode ser considerado uma vitória, embora represente o triunfo do bom senso”.

Nas atuais condições, parece pouco provável que Biggs realize seu último desejo, confessado a um jornal: “entrar num pub em Margate (localidade litorânea) como um inglês e pedir um caneco”.


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Governo britânico solta Ronald Biggs, o "ladrão do século"