Você pode nem assistir ao Big Brother Brasil, mas com certeza sabe que na décima edição do reality show existe uma turma apelidada de “coloridos” devido suas opções sexuais. Dicesar, Serginho e Angélica são declaradamente gays e em contraponto a eles – o grupo- tem Marcelo Dourado, que carrega nos ombros o estereótipo do machão. A única chance de você não saber do eu estou falando é estar morando em Marte nos últimos meses, tamanha a repercussão na mídia e na web dos conflitos entre Dourado e a ala gay da casa.

Nunca antes o comportamento homossesual havia sido tão exposto no horário nobre da TV brasileira. Expressões como “bafo”, “dar pinta” e “bee” já saem da boca de nossas mães durante o almoço de domingo, por exemplo. Mas mesmo assim, o preferido do público parece ser o Dourado. Isso mostra que o conservadorismo por aqui ainda é grande.

Apesar da exposição homossexual na TV ao longo dos anos ser cada vez maior (veja a evolução dos gays na televisão no infográfico abaixo), a popularização e aceitação dos gays no dia-a-dia da sociedade brasileira não estão assim tão avançadas como Boninho e seus encarcerados tentam nos fazer crer.

Pelo menos é o que mostram as pesquisas dos últimos anos em relação às mortes e à discriminação dos homossexuais, que ainda indicam dados alarmantes. Apesar de o Brasil freqüentemente ser apontado como recordista em paradas gays realizadas por todo o território nacional (em 2008 foram 127 ao todo, segundo a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), os menores números do preconceito estão longe de estarem num bom ranking.

A discriminação não parece atingir uma única faixa etária. Uma pesquisa encomendada pela FEA-USP afirma que 87% da comunidade escolar do Brasil discriminam gays e preferiam não ter que conviver com eles em sala de aula.

O desconforto em relação aos homossexuais acaba se tornando perigoso. Segundo um relatório publicado pelo Grupo Gay da Bahia, entre 1980 e 2005, mais de 2.500 homossexuais foram assassinados e, em sua maioria, foram vítimas de crimes homofóbicos e violentos. O mesmo grupo atestou em 2009 que a região Nordeste é a mais perigosa para um homossexual viver: por lá, os gays correm 84% a mais de risco de serem assassinados do que nas regiões Sudeste e Sul.

Veja  a evolução da exposição dos gays, lésbicas e transgêneros no horário nobre da TV:

Apesar do aumento significativo desses personagens, as pesquisas nos levam a crer que exposição não significa, necessariamente, aceitação.

E você, o que acha?


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Gays no horário nobre da TV fazem do Brasil um País menos conservador?

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