Jerry Lee Lewis, o último dos moicanos do rock’n’roll dos anos 50, se apresentou nesta sexta (18/9) em São Paulo, diante de um Credicard Hall totalmente lotado. Com quase 74 anos completos, o pianista, que ganhou o apelido de The Killer (o matador) por sua forma vigorosa de tocar, mostrou no show que ainda sabe dominar o instrumento e, mesmo sem se esforçar muito pra ser simpático, principalmente a plateia.

Tudo bem que o jogo já estava ganho, graças à combinação infalível de casa cheia – de um público que misturava o pessoal da terceira idade acompanhado de filhos e netos com turminhas de rockabillies (fãs da música e da estética dos anos 50) – e banda de apoio liderada pelo guitarrista Kenny Lovelace, fiel escudeiro de Lewis desde os anos 60, com “brinde surpresa”: um som muito bem calibrado para o número de pessoas presentes. Ou seja, só faltava encaixar a figura mítica de um músico que não à toa se autodenomina “The Last Man Standing” (o último homem em pé, em tradução literal, também nome do show), já que seus parceiros do quarteto que ficou conhecido como Million Dollar Quartet (Elvis, Jonnhy Cash e Carl Perkins) já foram desta para melhor.

Puxada por Lovelace, a banda de apoio abriu a apresentação por volta das 23h, com uma estrutura básica, sequinha, típica das bandas de rock do sul dos EUA: duas guitarras, um baixo, uma bateria. O piano só foi ocupado depois de três músicas, quando Jerry Lee Lewis foi anunciado e entrou, com seu atual “andar de velhinho”, pelo palco, para loucura do Credicard Hall.

Se sua performance em pé deixou a plateia apreensiva, quando sentou ao piano mostrou que tocar, pra ele, é tão natural quanto respirar. Claro que os anos de excesso cobraram sua taxa, e a voz de Lewis já não tem o alcance de antes. Mas o timbre continua lá. E, principalmente, a mágica que acontece em algum lugar entre as pontas de seus dedos e o marfim do piano, essa continua inabalada.

Ao longo de 50 minutos, Lewis e banda deram ao público uma aula de rock’n’roll feito com dignidade. Se faltaram estripulias de Lewis, como tocar em pé e incendiar o piano, hits como Great Balls of Fire, Whole Lotta Shakin’ Goin, Sweet Little Sixteen e Roll Over Beethoven foram suficientes para deixar o público atiçado – apesar das cadeiras que foram colocadas na pista do Credicard, grupinhos de rockabillies improvisaram uma pista de dança depois de arrumarem encrenca com seguranças por tentarem dançar em suas cadeiras.

Lewis tocou a última música e entrou como saiu: arrastando os belos sapatos brancos que calçava palco afora. Afinal, o peso de ser o último homem em pé não deve ser dos mais leves.  


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Em show em SP, Jerry Lee Lewis mostra por que ainda está de pé