A MPB está cheia de exemplos de mulheres que, sem medo do julgamento da opinião pública e de comparações, adotam a mesma profissão das mães famosas. Talvez o caso mais conhecido hoje seja de Maria Rita, filha de Elis Regina, mas também fazem parte desse grupo nomes como Bebel Gilberto, Luiza Possi e Luana Carvalho, respectivamente filhas de Miúcha, Zizi Possi e Beth Carvalho.

Em homenagem ao Dia das Mães, o Virgula Música conversou com cantoras que seguiram os passos das mães, todas já consagradas, e hoje têm uma carreira sólida. Um dos exemplos mais bem-sucedidos deste cenário é o de Mariana Belém, que, como o nome denuncia, é filha de Fafá de Belém. Ex-participante do Fama, da TV Globo, ela está prestes a lançar disco nesse ano (“é um álbum de MPB, mas com uma pegada mais moderna, meio Norah Jones”, explica) e conseguiu superar a sombra gerada pelo sucesso de sua mãe.

“No começo, eu fugia muito disso. Sabia que, se falassem mal, diriam que eu estava copiando a minha mãe; se eu fosse boa, era só porque era filha da Fafá”, explica. Para dar fim a esse conflito, Mariana tentou seguir outra carreira: prestou e concluiu a faculdade de jornalismo. “Quando terminei, fiquei pensando: ‘ok, e agora?’. Sabia que minha paixão era mesmo a música”, afirma.

Pouco tempo após se formar, quando resolveu que seria mesmo cantora, Mariana tomou uma decisão acertada: para poder mostrar todo o seu talento, caiu de cabeça nos estudos. “Comecei a me cercar de técnicas. Estudei canto para ter um estudo por trás do que fazia”, garante. Hoje, elogiada pela crítica e com um público cada vez maior, a filha de Fafá não liga para as comparações. “Não me importo mais, porque sei que isso é normal e amo as músicas dela. E o estilo dela de cantar, claro, me influenciou”, finaliza.

Filha da falecida Sylvinha Telles, uma das piorneiras da bossa nova, Claudia Telles começou a cantar sob as bênçãos dela: ainda garotinha, a convite dela, participou do show Reencontro no Rio de Janeiro. Após ganhar fama nos anos 70 com as músicas Fim de Tarde e Eu Preciso Te Esquecer, também fez shows e gravou um disco (Por Causa de Você, de 1997) em homenagem a Sylvinha. Diante disso, as comparações se tornam inevitáveis, mas ela não se incomoda.

“Sou muito comparada à minha mãe, pois as pessoas aproveitam a minha música para matar a saudade que sentem dela. Mas não fui tão influenciada pela minha mãe, até porque ela morreu quando eu era novinha”, explica a cantora. Outro ponto comum entre elas é o repertório: assim como Sylvinha, Claudia canta bossa nova. “Mas acho que o que nos aproxima é a linha melódica”, analisa.

Sem crise de identidade

Tida como uma das revelações da “nova” safra de cantoras de MPB, Clara Moreno é filha de Joyce, nome importante da bossa nova e bastante conhecida fora do Brasil. Ela começou a carreira quase sem querer: quando criança, de tanto acompanhar sua mãe em estúdios de gravação, começou a fazer backing vocais em álbuns de artistas famosos. “Com seis, sete anos, cantei em discos de Balão Mágico, Xuxa, Os Trapalhões, Milton Nascimento e vários outros”, explicou.

Na adolescência, ainda sem saber se queria mesmo ter a carreira da mãe, Clara se mudou para Paris. “Com 18 anos, fiz um curso de férias em uma escola de música e comecei a cantar na noite de lá”, conta. Mas o pontapé inicial para a profissão rolou mesmo em 1996, quando ela voltou ao Brasil para participar de uma homenagem à mãe. “Fui chamada pelo (músico e compositor) Roberto Menescal a estar em um disco que comemorava seus 25 anos de carreira. Logo, o filho dele (Márcio) me convidou para gravar um CD pelo selo que eles estavam abrindo (Albatroz)”, explica.

Clara não nega que muito de sua carreira musical tem influência de Joyce. “No começo, as coisas rolaram por causa dela e dos amigos. Tive essa sorte de estar perto, vendo boa música”, diz. “Mas, aos poucos, ela foi vendo que eu tinha o dom”. Tanto que seu sexto disco, Miss Balanço, lançado no Exterior pelo selo inglês Far Out – no Brasil, deve chegar até o fim do ano – foi produzido pela mãe. “Em casa, rola uma cumplicidade musical. Meu padrasto (Tutty Moreno) é baterista da minha mãe e também participou do disco”, assinala.

 
NA INTERNET

Mariana Belém: www.marianabelem.com.br e marianabelem.blog.uol.com.br

Clara Moreno: www.myspace.com/claramoreno

Cláudia Telles: www.claudiatelles.com.br e claudiatelles.festim.net


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Dia das Mães: conheça as cantoras que seguem os passos das mães famosas

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