Gorillaz – Bananaz

Dirigido por Ceri Levy, Bananaz é um divertido documentário que revela ao mundo os bastidores por trás do Gorillaz, banda virtual capitaneada por Damon Albarn, hoje de volta ao Blur, e pelo artista plástico Jamie Hewlett. No filme, o público fica sabendo de onde nasceu a ideia de fazer um grupo-cartoon, que já lançou dois bons discos (Gorillaz, de 2001, e Demon Days, de 2005) e emplacou músicas nas paradas de sucesso de todo o mundo, casos de Clint Eastwood e Feel Good Inc.

Por meio de várias filmagens de Albarn e Hewlett em estúdio – de gravação e de desenho, de acordo com a função de cada um –, shows e cenas de backstage, o documentário mostra fatos surpreendentes sobre o Gorillaz e seus integrantes. É nítido, por exemplo, que Hewlett tem muito mais influência sobre a formação do grupo ao contrário do que se poderia supor. O lado fanfarrão do vocalista do Blur, que sempre pareceu se levar a sério demais, também acaba ficando evidente: ele até se deixa filmar em situações constrangedoras (e escatológicas) sem problema.

Alguns dos melhores trechos do DVD dizem respeito às colaborações registradas para as músicas: de Ike Turner e Ibrahim Ferrier, do Buena Vista Social Club, ao ator Dennis Hopper, uma legião de artistas e personalidades de todos os estilos aparece no estúdio – e em um show, que aparece no fim – para participar das músicas do Gorillaz. Em uma delas, inclusive, o público certamente vai dar risada com uma discussão surreal entre Albarn e o integrante de um coral gospel infantil a respeito do trecho musical que eles deveriam cantar.

Divertido e eclético em disco, o Gorillaz também se mostra bastante descontraído nos bastidores em Bananaz. Sendo fã ou não, quem assisti-lo terá boas razões para simpatizar ainda mais com a música “intepretada” pelo grupo formado pelos personagens 2D, Nurdoc Niccals, Noodle e Russel Hobbs. (Denis Moreira)   


Queen + Paul Rodgers – Live in Ukraine


Paul Rodgers podia ter passado a carreira sem essa. Um dos grandes vocalistas de rock dos anos 70, o inglês assumiu em 2004 o desafio (ou mico?) de assumir os microfone do Queen – ou melhor, de 50% da banda, já que o baixista John Deacon resolveu ficar de fora, restando o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor – no lugar do falecido Freddie Mercury, “só” o melhor cantor do gênero em todos os tempos. O resultado, que desagradou boa parte dos fãs, pode ser visto no DVD Live in Urkraine, gravado em 2008 na cidade de Kharkov, na Ucrânia.

O material foi registrado em um espetáculo mais que grandioso: mais de 350 mil fãs se reuniu no Freedom Square, local da performance, e outras 10 milhões de pessoas assistiram ao vivo pela televisão. No repertório, grande parte dos principais hits do Queen e músicas do Free e do Bad Company, bandas com que Rodgers ganhou fama. Também entraram  canções de The Cosmos Rocks (2008), fraco disco de inéditas lançado pelo trio: dessas, a única que se salva é a simpática Cosmos Rockin’.

No show, fica bem claro que a união de Rodgers com o repertório do Queen não é um desastre: especialmente em composições mais pesadas como Tie Your Mother Down e One Vision, o cantor molda bem a melodia a sua voz, resultando em interpretações convincentes. Por outro lado, há casos em que seu timbre, mais blues e com menos extensão que a de Mercury, simplesmente não combina com a música: a versão de We Are the Champions, por exemplo, chega a ser constrangedora. Quanto ao resto do repertório… Cá para nós, não faz tanta diferença.

Após o fim do DVD, que possui um total de 28 músicas, fica a sensação de que May, Taylor e Rodgers formam uma boa banda cover. Pode ser puro saudosismo, mas não tem jeito: Queen sem Freddie Mercury é igual a Van Halen sem Eddie Van Halen. (Denis Moreira)

Live – Live at the Paradiso (Amsterdam)

Quando o Live surgiu, no início dos anos 90, tinha toda a pinta de que iria se tornar uma banda das grandes. Mas, apesar da repercussão positiva que causaram com seus dois primeiros CDs – Mental Jewelry (1991) e Throwing Copper (1994) – a banda americana não atingiu a mesma popularidade nos discos anteriores. Mas isso não impediu que eles tenham até hoje uma legião de fãs, muitos no Brasil. É para essa turma que os acompanha deste então que o lançamento deste DVD faz sentido, ainda mais por ser o primeiro registro oficial ao vivo de um grupo que está prestes a comemorar 20 anos do lançamento de seu álbum de estreia.

A produção do DVD foi caprichada, do cenário – o Paradiso preserva lindos vitrais de quando a construção abrigava uma igreja, o que casa perfeitamente com o som quase religioso da banda – ao repertório pleno de hits. Acompanhado por Chad Taylor, Patrick Dahlheimer e Chad Gracey, companheiros desde o início da banda, o cantor, guitarrista e líder Ed Kowalczyk segura bem os vocais histriônicos característicos em sucessos como All Over You, I Alone, Selling the Drama, Lightning Crashes e Operation Spirit. No palco, o quarteto ainda ganha o reforço do guitarrista Adam Kowalczyk, irmão de Ed.

Sem privilegiar apenas os destaques dos primeiros trabalhos, o Live faz um apanhado de todos os demais álbuns (o mais recente, Songs from Black Mountain, é de 2006). E isso inclui até momentos menos inspirados como a clichê Heaven, com uma letra melosa demais. Mas essa e outras canções menos conhecidas são acompanhadas a plenos pulmões pela plateia holandesa. Curiosamente, um dos maiores sucessos da banda, Pain Lies On The Riverside não foi incluída no registro do show. Mas, para compensar tamanha mancada, a apresentação inclui um cover interessante de I Walk The Line, de Johnny Cash.

A essa altura, é improvável que o DVD vá trazer um novo público ao Live, já velho de guerra. Por outro lado, compõe um retrato digno de que eles souberam envelhecer bem ao lado de seus fãs, sem desapontá-los. Também é uma boa oportunidade para ir se preparando para o revival dos anos 90, que já deve estar batendo à nossa porta. (Denis Moreira)


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Crítica: Queen + Paul Rodgers, Gorillaz e Live lançam novos DVDs