Jorge Ben Jor continua sendo Flamengo e nosso país tropical, felizmente, permanece quase sempre abençoado por Deus e bonito por natureza. Mas o tempo passa, e com uma invejável percepção de usá-lo na manutenção do sucesso de sua carreira (e lá se vão 40 e tantos anos…), este medalhão da música brasileira esteve em São Paulo neste último sábado (19) para subir mais uma vez ao palco de um lotado Credicard Hall, provando que, com o reconhecimento de tantos fiéis assim, ao menos comprou uma ‘guitarra cantante” e algo melhor que um fusquinha.

 

Para quem curte mesmo Jorge Ben, sabe-se que pontualidade não é lá o seu ponto mais forte. Mas pouco se importando para os quase 40 minutos de atraso, a plateia vibrou quando a banda deu o seu primeiro ar da graça, e o cantor saiu dos fundos do palco – de óculos escuros, claro –  soltando a voz e anunciando que ali estava a banda do Zé Pretinho “para animar a festa”.

 

O que faz o carioca para ser sucesso há tanto tempo com um show quase sempre igual, não se sabe ao certo. Sem maiores efeitos de luzes e tampouco atuação em palco, Jorge Ben Jor acertou como sempre ao sustentar o seu espetáculo apenas misturando ritmos e batuques com a sua tradicional trilha guitarreira, carregada. “Suingada”, como diz o próprio em qualquer oportunidade.

 

A tarefa de segurar um show diante de fanáticos sedentos por um sequencial de hits e ainda, sutilmente, conseguir divulgar um novo trabalho, pode parecer difícil aos desavisados que não conhecem o precursor do samba-rock. Mas quem uniu dois ritmos antes impensáveis  não viu grande dificuldade em levar ao público “novos-velhos” lançamentos, que foram produzidos entre 1978 e 1986, nunca apresentados e esquecidos nos arquivos de uma gravadora.

 

Assim, retrabalhadas em estúdio por Jorge Ben Jor, Usted És Mi Marrón Glasé, Heavy Samba, Duas Mulheres e Emo encontraram brechas entre o verdadeiro combo de clássicos dançantes (Mas Que Nada, Engenho de Dentro, W/Brasil e País Tropical, as mais animadas da noite) pra caírem na boca de quem não burlou a nova lei antifumo paulista e acendeu um cigarro para esperar a próxima música consagrada.

 

Após o intervalo de cinco minutos solicitados pela estrela da noite, como já é peculiar, a sequência de Taj Mahal, Gostosa (quando várias mulheres sobem ao palco e requebram ao lado de um vocal já arrastado do músico) e o retorno da inicial A Banda do Zé Pretinho marcaram o final da apresentação, com todas as “jorgetes dançantes” rumando com ele, esbanjando simpatia, para os bastidores do Credicard Hall.

 

Sem dirigir uma palavra ao público paulistano que não fosse cantada, Jorge Ben renovou mais uma vez o respeito que recebe de diversos segmentos da música, ao fazer aquilo que dele se espera: hits dançantes, lembranças nos fãs a cada sobreposição de clássicos, público variado (e bonito) e a certeza de que, sim, na próxima apresentação, vai ser tudo igualzinho. Um sucesso.


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Com hits consagrados e novas canções, Jorge Ben Jor animou a festa do público paulistano