O ritmo de perda da biodiversidade no mundo todo se acelerou nos últimos anos e será impossível cumprir com os compromissos internacionais de reduzir esta tendência até 2010, advertiu hoje um grupo de cientistas.

Em abril de 2003, ministros de 123 países de todo o mundo se comprometeram a alcançar, até 2010, “uma redução significativa da atual taxa de perda de biodiversidade em nível local, nacional e regional, como uma contribuição para atenuar a pobreza e em benefício de toda a vida sobre a Terra”.

No entanto, seis anos depois, não só não foi reduzido o ritmo de redução, mas ele aumentou até chegar a extremos alarmantes, segundo os especialistas.

“Com toda segurança não vamos cumprir o objetivo de reduzir a perda de biodiversidade até 2010 e, portanto, também vamos descumprir as metas ambientais dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de 2015”, afirmou Georgina Mace, vice-presidente do Diversitas.

O Diversitas é um programa internacional estabelecido em 1991 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês) e pelo Conselho Internacional para a Ciência, que promove pesquisas científicas sobre biodiversidade.

O programa organizará, de 13 a 16 de outubro, a II Conferência Aberta Científica na Cidade do Cabo (África do Sul), que contará com a presença de 600 especialistas do mundo todo, e que tem o objetivo de criar um mecanismo similar ao que existe para a luta contra a mudança climática, entre outros.

“As mudanças de ecossistemas e a perda de biodiversidade se aceleraram. Os ritmos de extinção de espécies são pelo menos 100 vezes mais elevados que os que existiam antes da aparição dos seres humanos e espera-se que sigam aumentando”, acrescentou Georgina.

Os especialistas concordam que o desmatamento, tanto para cultivar o solo quanto para a exploração de madeira, é a principal causa da perda de biodiversidade no planeta.

Mas a situação mudará em 2050, já que a mudança climática será o principal causador da perda de biodiversidade. Apesar de ainda faltarem 40 anos para esse momento, a situação já é alarmante para os cientistas, segundo declarou à Efe Hal Mooney, professor da Universidade de Stanford e presidente do Diversitas.

“O que acontece agora, e assusta a maioria dos cientistas, é que começamos a ver grandes impactos da mudança climática. Vemos novos elementos como consequência da mudança climática, como o aumento da frequência de incêndios e novas espécies invasoras que se estendem por todo o mundo”, afirmou.

Mooney explicou que a mudança climática cria grandes transtornos nos ecossistemas e muda as regras do jogo. “Em resposta à mudança climática, vemos como emigram espécies a lugares onde há outras espécies. Vemos mudanças sobre quando as árvores perdem suas folhas, mudanças muito pronunciadas, o que afeta como opera o sistema”, acrescentou.

Diante desta situação, “é preciso aumentar o nível de conscientização sobre a ameaça que a perda de tantas espécies representa para o planeta”, segundo Mooney.

Uma das soluções é a criação de um mecanismo similar ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). A possibilidade de criar esse mecanismo foi discutida durante uma reunião ministerial realizada em Nairóbi (Quênia), na semana passada, e a decisão será anunciada durante a conferência na Cidade do Cabo, explicou Anne.


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Cientistas alertam sobre aumento no ritmo de perda da biodiversidade

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