Enquanto a crise se estende pelo mundo, alguns se refugiam em um espaço virtual que acaba levando à ciberdependência, um problema que em países como China, Coreia do Sul e Holanda já é tratado como uma patologia social em centros de reabilitação para viciados em videogames.


 


A fundadora da organização americana de ajuda a ciberdependentes Online Gamers Anonymous, Elizabeth Woolley, explicou à Agência Efe que a tendência é de que a situação piore.


 


“Cada vez há mais gente presa. Daqui a um ano haverá até um maior aumento daqueles que queiram deixar o vício: serão os que começaram a jogar compulsivamente em tempos de crise, se escondendo no mundo virtual”, afirmou Wolley.


 


Esta dependência dos videogames afeta pessoas de todas as idades, que jogam sem intervalo até 16 horas diárias, e que acabam perdendo o contato com amigos e parentes, descuidando da mente e do corpo, como conta Wolley.


 


World of Warcraft, StarCraft e Counter Strike são alguns dos mais viciantes, já que colocam os jogadores em um mundo de seres virtuais com poderes sobrenaturais, entre os quais se encontram eles mesmos.


 


Por isso, o crescimento na venda de videogames está garantida. O setor deverá faturar US$ 90 bilhões mundialmente em 2015, segundo anunciou em julho passado o fundador da Games Workshop, Ian Livingstone, na Feira Internacional de Lazer Interativo Gamelab 2009, na Espanha.


 


Mas para muitos é duro voltar de um mundo em que a felicidade está a apenas um clique de distância. Coreia do Sul, Japão e China contam com o maior número de centros de reabilitação para os que sofrem de síndrome de abstinência cibernética.


 


No Japão, os viciados em videogames têm nome próprio: são os viciados em tecnologia, os chamados hikikomori, palavra que em japonês significa “reclusão” ou “isolamento”.


 


O Vietnã abriu seu primeiro centro em novembro de 2008 e a Europa teve seu primeiro em Amsterdã, o “Smith and Jones”, cujo departamento dedicado a viciados em internet completa este mês dois anos.


 


Os sintomas de abstinência são os típicos da privação de qualquer droga: depressão, ansiedade, náuseas, medo, irritabilidade e até comportamento violento.


 


Um estudo do professor Gert-Jan Meerkerk, publicado pela agência holandesa de estudo do comportamento humano IVO, explica que “além de criar dependência, o uso (compulsivo) da internet também foi associado com isolamento social, solidão, depressão e com a perda de bem-estar psicológico em geral”.


 


Segundo Woolley, o tempo de recuperação médio é de 90 dias, mas a maioria volta a recair assim que surge algum problema em sua vida.


Esse tipo de dependência também produz lesões físicas como inflamação na pele, problemas musculares e dores nas costas. “A saúde geral desses viciados também piora pela falta de exercício, luz solar e ar fresco, o que fragiliza o sistema imunológico”, explicou.


 


No verão de 2005, as autoridades da Coreia do Sul anunciaram que um homem morreu após jogar durante 50 horas, só parando brevemente para dormir algumas vezes.


 


Por isso, esses centros especializados em tratar ciberdependentes seguem recebendo mais e mais visitantes, que escolhem se internar ou que procuram ajudar parentes ou amigos.


 


Mesmo assim, alguns videogames ajudam a tonificar nosso corpo, a cozinhar, a desenvolver a memória e outros muitos têm fins didáticos para as crianças.


 


Assim, os videogames são uma faca de dois gumes. Como afirma Woolley, “aqueles que abusam dos videogames se transformam em autênticos robôs, em pessoas que já não vivem neste mundo, mas em um que está do outro lado da tela”.


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Ciberdependência cresce e já tem tratamento especial em vários países