A China observa “falta de fé dos países desenvolvidos no diálogo” sobre a mudança climática que acontecerá em dezembro, em Copenhague, disse nesta quarta-feira o diplomata Yu Qingtai, um dos principais membros da delegação chinesa que participará da cúpula.

Em entrevista coletiva na qual apresentou a posição chinesa diante das reuniões, Yu criticou os que já preveem um fracasso em Copenhague, especialmente depois que Estados Unidos e China, os dois maiores emissores de dióxido de carbono, anunciaram este mês que buscarão acordos políticos, não vinculativos, na capital dinamarquesa.

O diplomata rejeitou a ideia de que a China não quer assumir responsabilidades na luta contra o aquecimento global, destacando que o país prometeu reduzir suas emissões em 1,5 bilhão de toneladas entre 2006 e 2010, ou aumentar sua cobertura florestal até 20% de sua área total.

“Isso equivale, segundo estudos, a plantar em dez anos cerca de 60 bilhões de árvores no país, o equivalente a dez árvores para cada pessoa no mundo”, defendeu Yu, que também acusou a União Europeia (UE) de “adotar muitos compromissos, mas não traduzi-los em ações”.

“Em média, os países europeus decidiram reduzir suas emissões entre 2008 e 2012 em 7% ou 8% a respeito de 1990. Muitos deles não cumpriram esse objetivo, e alguns inclusive as aumentaram”, lamentou o representante da China, país que pedirá em Copenhague que as nações desenvolvidas reduzam em 40% a emissão de gases do efeito estufa.

Yu também reclamou que os países desenvolvidos não cumpriram sua obrigação de transferir às nações em desenvolvimento as tecnologias e ajuda financeira necessárias para combater a mudança climática, outro pontos de destaque na posição que a China apresentará na cúpula.

O representante chinês reiterou que os países desenvolvidos devem tomar mais medidas, devido a sua responsabilidade histórica na mudança climática, enquanto as nações em desenvolvimento precisam empreender esforços “de acordo com suas possibilidades”.

Yu lembrou que as nações mais ricas são as responsáveis por 80% das emissões desde 1950 até hoje, e minimizou a importância do fato de que a China já seja, junto com os EUA, o maior emissor de dióxido de carbono do mundo.

“Levando em conta as emissões per capita, o que China (o país mais povoado do mundo) emite é um terço, em alguns casos, até um quinto, do emitido pelos países desenvolvidos”, ressaltou o delegado.

Segundo Yu, na cúpula sobre mudança climática que acontecerá em Copenhague entre 7 e 18 de dezembro, “não só é preciso levar em conta o que se fará, mas também a história”.


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China critica "falta de fé" de países ricos na cúpula de Copenhague

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