O ex-militante italiano Cesare Battisti encerrou na segunda-feira (23) a greve de fome que havia iniciado há dez dias para pressionar o governo brasileiro a negar sua extradição, confirmou o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

“Estive com ele por volta das 19h30 da noite [de segunda-feira] e ele me disse que decidiu encerrar a greve de fome como um gesto de confiança em relação ao presidente Lula”, explicou o parlamentar.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu em duas ocasiões que Battisti encerrasse a greve de fome. Na primeira, o mandatário disse que já havia recorrido ao mesmo protesto, e que não o recomendava a ninguém. Na segunda, na última sexta-feira (20), Lula alegou que “isto não ajuda” e que não era o momento para “este tipo de pressão”.

Na quarta-feira passada (18), o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a extradição de Battisti por cinco votos a quatro, mas considerou que a decisão final deverá ser tomada pelo presidente da República, que pode ou não ratificar o entendimento da corte.

De acordo com Suplicy, o italiano já assinou “um documento formalizando o fim da greve e agora começou a ingerir alimentos de forma gradual”. “Quando o vi ele já tinha comido uma pera”, detalhou o senador.

“Ele estava de pé na [prisão da] Papuda, sentindo-se melhor. Eu vi ele melhor que da última vez, quando estava em greve [de fome]. Muitas pessoas recomendaram a ele encerrar a greve”, destacou Suplicy.

Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália, que requer sua extradição, por quatro homicídios ocorridos na década de 1970, época em que integrou o grupo esquerdista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).

Foragido de seu país, o italiano viveu na França e no México antes de se mudar para o Brasil, onde foi preso em 2007. No início deste ano, o ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu-lhe o status de refugiado político, considerado ilegal pelo STF.

O presidente Lula já adiantou que só anunciará seu parecer sobre o caso após receber o acórdão [decisão formal] do Supremo, o que pode ocorrer apenas no próximo ano.


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Cesare Battisti encerra greve de fome, anuncia Suplicy