Um grande show com artistas do Brasil, Cuba, Benin, Cabo Verde e Angola encerrou neste domingo em grande estilo o festival Back 2 Black, no Rio de Janeiro, em evento que desde sexta-feira colocou a África e a cultura negra no centro das atenções.

Depois da última conferência do festival, na qual a economista zambiana Dambisa Moyo ofuscou o colega de debate Gilberto Gil ao defender a África de forma contundente, músicos e cantores tomaram o palco montado na Estação da Leopoldina, um terminal de trens desativado próximo à zona portuária do Rio, para exibir toda a diversidade dos ritmos negros, assim como suas variantes.

Da África, vieram a beninense Angélique Kidjo – que já havia conquistado o público na sexta-feira com as canjas que deu ao lado de Gil e Youssou N’Dour -, o angolano Paulo Flores e cabo-verdiana Mayra Andrade; de Cuba, Omara Portuondo, que lançou no ano passado um álbum em parceria com Maria Bethânia.

Pelo Brasil, um time formado por cantores de diversas vertentes e épocas, como Luiz Melodia, Marina Lima, Margareth Menezes e Rodrigo Maranhão, indo da lenda do samba Dona Ivone Lara até a revelação Maria Gadú, todos sob o comando de Mart’nália.

A mistura de conferências, música, dança, fotografia e documentários parece ter agradado o público que encheu a Estação da Leopoldina nos três dias do Back 2 Black. A organizadora do evento, Conceição Lopes, disse à Agência Efe que a quantidade de presentes – cerca de 2.500 por dia, segundo ela – superou as expectativas.

“Não queríamos fazer mais um festival de música, trouxemos algo mais temático, com instalações, dança, filmes e conferências. Acho que o público buscou algo a mais, não só entretenimento, mas também informação”, diz Conceição.

Por sua vez, o escritor angolano José Eduardo Agualusa, que foi o curador das conferências do festival, demonstrou em entrevista à Efe que o objetivo era trazer diferentes olhares sobre a África.

“Tivemos nomes conhecidos, como Bob Geldof e Gilberto Gil, e outros nem tanto, mas que tinham muito a dizer, como (o poeta e ativista sul-africano) Breyton Breytenbach e Dambisa Moyo”, disse Agualusa, que destacou a importância da realização de um evento como o Back 2 Black no Brasil.

“O festival devolve a África ao Brasil, uma relação que foi cortada. O conhecimento que se tem da África não existe mais, é mítico, e isso precisa ser mudado”, concluiu o escritor.


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Celebração da diversidade musical negra encerra festival Back 2 Black