A nova lei antifumo do Estado de São Paulo, estabelecendo que só se pode fumar na rua, em casa ou em tabacarias, entra em vigor em menos de três meses. Um setor que deve sentir muito a mudança é o das casas noturnas.

Fumantes constituem uma boa porcentagem de quem vai na balada, incluindo aí a legião de pessoas que “só fuma na balada.” Ao mesmo tempo em que têm que cumprir a lei, as casas não querem hostilizar essa porção significativa da clientela.

São várias etapas a serem pensadas: vigilância, para ver se não tem ninguém quebrando a lei dentro do estabelecimento; abordagem do frequentador que estiver fumando em local proibido; solução para esse fumante poder fumar seu cigarro sem ter que ir embora da balada; e, talvez a mais complicada, organizar o ir e vir de fumantes da balada para à rua ou recinto aberto onde se pode fumar.

Marco Chiappini, sócio do Tapas Club, bar da região do Baixo Augusta, diz que ainda está avaliando as possibilidades. “Provavelmente vamos abrir um espaço no térreo, com acesso ao ar livre. Tipo uma sacada pra umas 20 pessoas. Um segurança extra vai cuidar do acesso à sacada com o sistema sai um, entra outro… que nem é nos banheiros.” E assim como é no banheiro, “provavelmente vai criar uma fila de fumantes em alguns momentos.”

Em entrevista para o Virgula (leia aqui), o deputado estadual Jonas Donizetti (PSB), vice-líder do governo do Estado na Assembleia Legislativa, apoiador da nova lei, deu a seguinte sugestão: “No caso das boates e casas noturnas, [para entrar e sair] muitas utilizam o sistema de pulserinha. Eu acho que poderia funcionar esse sistema.”

Facundo Guerra, sócio do clube Vegas, rebate: “Usar pulseiras seria impossível, porque todos os clubes de São Paulo operam com o sistema de comanda. Ou seja, se o cara sair com uma pulseira ou um carimbo, como acontece na gringa, existem chances dele sair sem pagar, e muitos empresários talvez não queiram correr o risco.”

Ele continua: “Na gringa só funciona bem este sistema porque as bebidas são compradas no bar, diretamente do barman. Além do mais, a calçada é um espaço público e não pode ser usado como fumódromo.” O Vegas está entre as casas que ainda não decidiu como se adequar às novas regras: “Não sabemos como será a regulamentação e que medidas tomaremos.”

André Hidalgo, sócio do Glória, clube preferido dos fashionistas, na Bela Vista, também acha que “pulseirinha não funciona, as pessoas saem sem pagar.” Ele acrescenta que “fomos pegos de surpresa, então ainda estamos estudando como se adaptar. Só posso dizer que vamos fazer tudo que a lei exige.”

Outra casa que não faz ideia de como vai se adaptar é o Villa Country, onde todo fim de semana milhares de pessoas sacolejam ao som de country e sertanejo. Sua assessoria de imprensa informa que “a casa ainda está desenvolvendo uma estratégia para se adquedar a nova lei, mas estará cumprindo o prazo estabelecido pela lei.”

Enéas Neto, da Trash 80s, diz que também precisa de um tempo de estudo para saber o que fazer. “O trânsito dos fumantes do lado externo da casa é a premissa de nossas resoluções, mas ainda precisamos pensar na adaptação dos caixas, no fluxo de entrada e saída, entre outros pontos.”


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Casas noturnas não sabem como vão se adaptar à lei antifumo