Bem além da performance do Village People vestindo roupa de casa de strip, existem na música vários exemplos de artistas abertamente gays. Do rock de Freddie Mercury ao pop de Boy George, há exemplos em todos os estilos. Mais que nunca, o que chama atenção agora é a bandeira do arco-íris fincada no hip hop dos Estados Unidos.

Por lá, os rappers gays já são tantos e tão empenhados que se organizam em turnês e têm uma agência própria, chamada Milo Management, com sede na Califórnia. Justamente o estado que aprovou a lei anti-casamento gay, governado por Arnold Schwarzenegger.

Igual a maioria das faixas de rap, as rimas dos artistas gays da Milo também chamam atenção para mazelas sociais. Neste caso, a desigualdade de direitos civis para os homossexuais.

Entre os que mais fazem shows está Deadlee, rapper de Los Angeles com três discos lançados, que ano retrasado comandou com seu empresário a Homorevolution Tour – uma série de shows com dezoito artistas se revezando por grandes cidades como San Diego e Dalas. O sucesso levou Deadlee até para entrevista na rede CNN e, neste ano, ele será atração no festival Mondo Homo, que rola em Atlanta no mês de maio, entre os dias 21 e 25. Estarão com ele Dalyrical e Torry Fix, duas das atrações da Homorevolution Tour.

Contudo, nem para todos os rappers o engajamento político vem primeiro. Este é o caso de Cazwell, que se apresenta em São Paulo, no clube Gloria, na próxima sexta-feira e conversou com o Virgula. Ele é de Boston, mas mudou-se para Nova York há dez anos e vem se apresentando em clubes descolados como o Duver e o Opaline.

Justamente porque está envolvido com esta cena, Cazwell tem um estilo mais performático e letras mais soltas, por exemplo, sobre sexo casual: “Eu só penso em me divertir. Meu trabalho é nas boates, então tento criar rimas a batidas que eu deseje tocar. E nas pista as pessoas não querem pensar muito ou ser muito politizadas. Todo mundo só quer esquecer os problemas”.

Cazwell diz que sequer ouviu falar da tal turnê de Deadlee e que espera que o Brasil seja bem fervido e que tenha um monte de caras sexy e lindos: “Eu tenho uma queda pelos meninos brasileiros”, avisa.

Apesar do hip hop estar fincado nas ruas e ter liberdade como premissa, Cazwell e Deadlee – mesmo com atuações tão diferentes – já sofreram igual os efeitos do preconceito. Sobre as declarações homofóbicas de Eminem, Deadlee já afirmou publicamente que são tão graves que ele estaria morto se dissesse o mesmo sobre latinos ou negros. E Cazwell conta que em Boston, onde já foi importunado, é muito mais tenso que em Nova York, onde “há tanta gente doida e talentosa, mas todo mundo cria o próprio espaço e deixa você em paz”.

Ao menos, de alguns fãs brasileiros Cazwell já está recebendo “emails carinhosos”, ele declarou ao Virgula. Boa chance de, quem sabe, revelar mais gays em nosso hip hop.

Serviço

Cazwell (FESTA DE 1 ANO DO PROJETO VAI!)

Quando: 1 de maio, sexta-feira

Onde: Clube Gloria (R Treze de Maio, 830)

Quanto: R$ 40


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Aumenta safra de rappers gays nos EUA. Cazwell, um deles, vem ao Brasil