Presidente da Comissão Estadual de Arbitragem do Estado de São Paulo
desde outubro de 2005 e membro efetivo da Comissão Nacional de
Prevenção da Violência para a Segurança dos Espetáculos Esportivos, o
Coronel Marco Cabral Marinho de Moura, ex-oficial do Corpo de Segurança
do Governador, concedeu uma entrevista exclusiva ao VirgulaEsporte.
Ele fala sobre a violência no futebol, que voltou à tona devido ao
recente caso de vandalismo no estádio Couto Pereira, em Curitiba. Para
ele, a violência não piorou nos últimos anos.

Por que a violência no futebol brasileiro só aumentou nos últimos anos?

Ela
não aumentou. No passado, a violência era muito pior. Eu comecei em 88,
e passei por várias fases, principalmente no envolvimento com torcidas
organizadas. Acaba fugindo da parte torcedor e entra em caso de
polícia. Em alguns casos existe esta sensação de impunidade. A lei
existe e é cumprida, o que demora é o processo. Em São Paulo, avançamos
com a criação do JEcrim (Juizado Especial Criminal). Temos juízes que
atuam na área e gostam de futebol. Se você aplicar a lei e fiscalizar
de forma intensa, muita coisa vai mudar.

Essa sensação de que
nada acontece hoje, principalmente com os jovens, precisa ser
neutralizada. Temos como exemplo as torcidas organizadas, que depois de
1995, com o caso de São Paulo e Palmeiras no Pacaembu, tivemos maior
controle do Ministério Público, criamos o estatuto do torcedor, o
cadastramento de torcidas e a legalização delas como entidade.

Como é a relação das autoridades com as torcidas organizadas?

Não
é qualquer bando que se forma e entra nos estádios de futebol em São
Paulo. Estamos fazendo coisas para controlar melhor o futebol, o que
precisa é agilidade nas aplicações penais, pois a lei é seguida na
risca. Temos um exemplo de Pernambuco, que após aplicar a pena, a
pessoa punida vai à entidade e faz um curso profissionalizante, em vez
de ficar na delegacia nos dias de jogos. Infelizmente hoje a maioria
das confusões em estádios são geradas organizadas. Muitos dos
torcedores comuns nem querem ficar perto delas. Os focos de confusão
estão nas organizadas.

O que você acha da realização de clássicos com uma torcida só?

Existiria
aqui em São Paulo se não tivéssemos todo esse trabalho, mecanismos de
segurança e precaução contra a violência no futebol. Se utilizarmos
deste radicalismo (clássico de uma torcida só) seria admitir o fracasso
das instituições de segurança. E isso não existe. Torcida única em
clássicos é a falência do futebol.

As
imagens de violência recentes não prejudicam o Brasil, que será sede
dos próximos dois principais eventos esportivos do mundo?

Violência
existe no mundo inteiro. Este mês vi no jogo entre Genoa e Sampdoria e
eles quebraram quase tudo no estádio. Isso existe em todo o mundo e não
pode prejudicar a nossa imagem. Temos que demonstrar que temos
segurança, isso sim temos que melhorar, além é claro do atendimento de
público e torcedor.


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Após vandalismo em Curitiba, Coronel Marinho afirma: “No passado a violência era pior”