Vito Israel conta os desafios de ser um influencer digital amazonense

Publicitário, amazonense e gay. Victor Israel, mais conhecido como Vito, é um dos influenciadores com maior visibilidade na região norte do país. Há seis anos cria conteúdo, abordando temas da região amazônica, mostrando a cultura, riqueza e os sabores amazônicos. O influenciador é criador do projeto “Respira Amazonas”, que buscou oxigênio e mantimentos para o estado do Amazonas durante a segunda onda do Covid, em janeiro de 2021.

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Filho do grande músico e compositor Paulo Onça, referência nos sambas de carnaval, Vito sempre viu no pai uma fonte de inspiração. Onça levou o título de campeão do carnaval dos anos 90, pela Escola de Samba Vitória Régia, com o enredo ‘Nem Verde e Nem Rosa’. Outro título veio na comemoração dos 100 anos de samba no Brasil, com a canção “Ivete do Rio ao Rio”, em homenagem à Ivete Sangalo na Grande Rio, escrita por ele e seu parceiro Alan.

Vito começou sua jornada na internet com o blog “É de Comer”. “Criei uma conta no Instagram, tipo blog, algo que era muito escasso naquela época. Minha intenção era catalogar os lugares que eu gostava de comer e compartilhar com as pessoas. Amava descobrir negócios que estavam iniciando e fomentar o sonho daquele novo empreendedor. Fazia da forma que eu podia: divulgando para os meus, até então, poucos seguidores, consumindo e incentivando minha comunidade a fazer o mesmo”, comenta Vito.

Hoje o influenciador soma mais de 170 mil seguidores na internet, mas a sua jornada para alcançar esse número não foi nada fácil. “A caminhada segue muito dura para a construção de uma base de seguidores sólida e engajada. Eu morei em São Paulo, tinha uma carreira consolidada, porém não me enxergava pertencente àquele lugar, foi então que eu virei a chave e percebi o quanto nós, da região do Amazonas, somos invisíveis para o restante do Brasil. Para além da floresta amazônica existe um povo, que merece ter sua cultura celebrada e enaltecida”, afirma Vitor Israel, criador do projeto Respira Amazônia.

Respira Amazônia – Em 14 de janeiro de 2021, na segunda onda de Covid-19, Manaus enfrentou o colapso do sistema de saúde por conta da falta de oxigênio nos hospitais. Por dias as unidades de saúde ficaram sem suprimento diante de uma superlotação. A falta de oxigênio causou diversas mortes. Na corrida por salvar pacientes internados, Vito criou o movimento Respira Amazonas. O projeto contou com o apoio da população local, do Brasil e principalmente de artistas nacionais como Thelminha, campeã do Big Brother Brasil 20, da cantora Maria Gadú, além de outros artistas que fizeram campanha para ajudar a salvar vidas.

O movimento Respira Amazonas conseguiu cerca de 746 cilindros, 270 doados para os municípios do interior e hospitais e 476 para o home care em Manaus. O banco de dados de pessoas necessitadas de oxigênio para tratamento em casa chegou a mais de 2 mil pessoas. Foram doadas 28.000 unidades de EPIs, entre máscaras N95, aventais, toucas, pró pé e outros. Foram mais de 500 oxímetros, 30 unidades de resuscitadores manuais, 500 unidades de respiron e 500 unidades de termômetros, a maioria destinados aos municípios menores, por meio da FAS (Fundação Amazonas Sustentável).

O projeto Respira Amazonas continua de pé, agora com foco em garantir alimento para muitas famílias. Já foram doados mais de 1.000 unidades de cestas básicas em Manaus e nas comunidades ribeirinhas, assim como uma tonelada de pescado para comunidade indígena no Tarumã, Parque das Tribos, o primeiro bairro indígena do Brasil.

Pensando em unir forças com outra nortista, Vito e Dina Carmona, influenciadora de Belém do Pará, agora estão juntos no podcast Papo no Tucupi, um programa para dar protagonismo ao povo da Amazônia.

As entrevistas promovidas pela dupla Dina e Vito entram semanalmente no canal do Youtube, em audiovisual e em podcast em todas as plataformas de streaming de áudio.

Em uma celebração às vozes da região, na primeira temporada do programa a dupla chama para a conversa personalidades como Vanda Witoto, liderança do povo Witoto e coordenadora do movimento dos Estudantes Indígenas do Estado do Amazonas. De hábitos herdados como dormir em redes ao questionamento das atuais políticas genocidas, Vanda convoca a nova geração a percorrer um caminho de volta às origens. “As pessoas, às vezes, têm vergonha da ancestralidade indígena, mas enaltece o sangue europeu nas veias, quando na verdade essa origem é colonizadora, fruto do estupro histórico de mulheres no Brasil”, questiona. “Para construir nosso futuro é necessário reconhecer e honrar nossas raízes e, quem nasceu nesse território, tem história indígena”, completa.


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