De um lado, feministas em polvorosa e governos proibindo a entrada do Julien Blanc, e de outro, vários jovens que se tornaram fãs do suíço, que tem métodos pouco ortodoxos de sedução. Entenda essa polêmica do Professor Cafetão, que tomou conta das redes sociais nas últimas semanas.

Ele poderia ser apenas mais um “pick- up artist” (PUA), algo como mestre da pegação, se não tivesse seu visto revogado durante sua turnê mundial, na Austrália. As acusações contra o palestrante de 25 anos tiveram como base um vídeo, em que ele diz “basta passar por Tóquio, pegar as meninas e gritar ‘Pikachu’ e colocar a cabeça delas no seu pau”.

http://youtu.be/vOAYQNCUxeU

O poder de pressão das redes sociais

A partir de uma petição organizada por Jennifer Li no Change.org, assinada por mais de 10 mil pessoas, e de campanhas nas redes sociais, o ministro da Imigração da Austrália, Scott Morrison , cancelou o visto, alegando em entrevista para Sky News, que Blanc estaria passando uma ideia que depreciava as mulheres, e “isto era algo que os valores do pais abominam”.

A turnê do “professor cafetão”, como ele está sendo conhecido, estava prevista para passar no Brasil, nos dias 22 e 25 de janeiro do ano que vem, em Florianópolis, e 29 a 31 do mesmo mês, no Rio de Janeiro, em locais secretos. Para participar do curso, que custa US$ 2,5 mil (!!!), os interessados precisam desembolsar US$ 800 como depósito adiantado. Há uma petição no Avaaz, que pede para negar sua entrada nos país, e já tem mais de 400.000 assinaturas.

Por outro lado, existe uma fanpage no Facebook que apoia a vinda do suíço para Brasil, que tem como descrição: “Essa pagina vai te ensinar a compreender a hipocrisia feminista e como elas prejudicam e prejudicaram a sociedade”. Denunciada por uma série de pessoas, a rede social em comunicado oficial disse que ela não viola os padrões de comunidade.

O que está por detrás do discurso de Blanc

“Por que aprovo monsieur Blanc ou por que discordo dele? Por que ele chama tanta atenção? O que falta na minha atitude e que eu espero suprir com suas “incríveis” técnicas? Estou realmente expressando minha verdade pessoal, quando sigo essa ou aquela receita de sedução – ou não?”, procura refletir Marco Antonio Beck, formado pela Sociedade Brasileira de Coaching e pelo Instituto Brasileiro de Coaching, e co-autor do livro “Saúde Emocional” (Editora Ser+).

Ele afirma que a sociedade atual idolatra o corpo, mas tem medo dele. “O corpo sensual e provocante está em toda parte: comerciais, videoclipes, filmes, revistas, passarelas, mesas de cirurgia plástica, mas existe para ser visto e desejado, não tocado ou assumido por quem é gente comum e tem barriga, caspa, celulite, depressão. O Julien, assim como o autor do best-seller “50 Tons de Cinza”, estão tomando práticas de Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo (BDSM) e transformando-as em workshops ainda mais caricatos. Só que no contexto do BDSM essas práticas são consensuais – o consenso é parte das fantasias sadomasoquistas, e elas não existem sem esse consenso. Julien Blanc elimina o consenso e defende, até onde eu sei, a ação do homem sobre a mulher numa pegada ao velho estilo de Neanderthal”.

No mundo de hoje, Beck nota que todo mundo está muito preocupado com o “como seduzir”, com “o que fazer”, “quando”, “onde” e “com quem”, mas ele afirma que ninguém (ou quase ninguém) leva em consideração do porquê:

“Por que chego numa mulher? Por tesão, carência, necessidade de autoafirmação, expectativa dos outros, disputa, amor? Cada uma dessas diferentes razões aponta para diferentes motivos e tem diferentes resultados. Não há uma fórmula universal em 7 passos ou uma receita de 10 etapas para você virar um homem irresistível. Isso está ligado a você ser encantador ou irresistível aos seus próprios olhos, antes de conquistar uma garota”.


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Entenda a polêmica do “professor cafetão” Julien Blanc