Para quem não lembra, na última pré-temporada do Milan, o meia ganês Kevin-Prince Boateng foi vítima de racismo durante um amistoso contra o Pro Patria, pequeno clube italiano, e deixou o campo no meio da partida por causa dos insultos. Agora, em entrevista divulgada nesta quinta-feira (21) pelo site BBC de Londres, o rossonero opina que jogadores que fizerem ofensas racistas sejam banidos de seus clubes.
“Um jogador que faz algo de errado, que é racista, poderia nunca mais jogar pelo seu time novamente ou nunca mais jogar naquele país (onde proferiu a discriminação racial)”, brandou Boateng.
O atleta, porém, revela que ter ido embora da partida supracitada “não foi a coisa certa a se fazer”. Agora, ele que vai encontrar o presidente da Fifa, Joseph Blatter, para discutir o racismo no jogo, acredita que enviou uma “grande mensagem” aos intolerantes do mundo futebolístico.
Perguntado se mais pessoas negras ou de minorias étnicas fariam bem em posições elevadas do esporte, respondeu: “Se for mais multicultural, fica com mais pessoas e mais países envolvidos e essas coisas podem ajudar. Vamos esperar para que logo apareça um Mourinho negro ou um Guardiola paquistanês”.
O caso do camisa 10 do Milan aconteceu relativamente pouco tempo depois do astro uruguaio do Liverpool, Luis Suárez, insultar o negro Patrice Evra, do Manchester United, com cunhos racistas e ser suspenso por oito jogos, além de ter que pagar uma multa de R$ 120 mil. Outro caso na Inglaterra foi do ex-capitão da seleção da Inglaterra, John Terry, que pelo mesmo motivo perdeu quatro partidas e foi multado em mais de R$ 660 mil.
As autoridades, segundo o jogador milanista, precisam ser mais rigorosas nas punições, tanto para jogadores, quando para os torcedores.
“Se tem um fã que fez algo errado e nunca mais poderá ir ao estádio, isso é uma coisa que pode marcá-lo, já que você é um torcedor e ama o esporte. Ou um jogador que é racista e nunca mais poderá jogar pelo clube, ou que nunca mais possa jogar naquele país. São estas coisas que machucam, e eu penso que este é o caminho. Tem que ser bem rigoroso, muito duro e deixar tudo bem claro”, opinou, fazendo a comparação com as multas em dinheiro, que não são muito penosas.
A ideia já está sendo colocada em voga na Fifa, cujo novo diretor antirracismo, Jeffrey Webb, acredita que penas mais duras, como rebaixamento e exclusão de torneios maiores, precisam ser postas em prática.
A Uefa recentemente multou a Sérvia em cerca de R$ 200 mil após seus jogadores da seleção sub-21 discriminarem atletas da Inglaterra em um jogo das eliminatórias da Euro 2013 da categoria. A Lazio também já foi punida graças a insultos de seus torcedores em um jogo da Liga Europa deste ano.
“Se eu olhar para trás, verei que não foi a coisa certa a se fazer deixar o campo), pois somos profissionais, temos que entreter as pessoas e somos pagos para estar no campo. Então talvez não seja a coisa certa a se fazer, mas alguém precisava ter feito. Não que eu tenha acordado e dito: ‘Quero ser esse cara’. Apenas fiz isso pela emoção do momento e penso que foi um grande, enorme sinal e uma grande mensagem”, contou o ganês.