A chegada do inverno faz alpinistas e outros aventureiros
descerem do armário todo o seu vestuário e equipamento próprios para escaladas,
abrirem mapas e escolherem o próximo destino. Para muitos deles, será o Pico
das Agulhas Negras. O nível de dificuldade de algumas subidas é alto, sobretudo
o Pico, mas o Parque Nacional do Itatiaia, onde ele está encravado, oferece
opções de ecoturismo para amadores e experientes de todas as idades.
Estendendo-se por cerca de 10 quilômetros de largura e 120 mil hectares, pelas
cidades de Itatiaia e Resende, no sudoeste do Rio de Janeiro, e Alagoa,
Itamonte e Bocaina, em Minas Gerais, este foi o primeiro parque nacional criado
no Brasil, em junho de 1937, ou seja, há 76 anos, por Getúlio Vargas.

Não há quem não se encante com as montanhas,
penhascos e cachoeiras da região de Agulhas Negras, sem falar na gastronomia de
identidade mineira com influência européia, servida nos distritos de Visconde
Mauá e Penedo. “Itatiaia” significa “pedra cheia de pontas”, expressão que traduz
perfeitamente a estética das formações rochosas – daí a preferência dos
alpinistas. As altitudes do relevo acidentado variam entre 580 e 2787 metros –
esta última é a altura do Pico das Agulhas Negras, que está entre os cinco mais
altos do país. A fauna e a flora também são únicas – o caxinguelê, espécie de
esquilo, é um símbolo do Parque. As aves, em particular, dão um show a parte,
com sua exuberância colorida que só se vê em Itatiaia. Além de macacos,
preguiças, pacas, macacos, porcos-do-mato e até onças e lobos-guará. Algumas
espécies estão em extinção.

Na parte baixa do parque, há um sem-número de
opções de caminhadas leves  para chegar a
cachoeiras de águas cristalinas, poços e mirantes de paisagens únicas. São
lindas e concorridas as cachoeiras Véu de Noiva, Poranda, Maromba, entre
outras. No planalto,  acima dos 1.100
metros, onde a mata é virgem e abriga espécies como o pinheiro do Paraná, as
escaladas são mais difíceis e exigem obrigatoriamente a contratação de um guia
(por cerca de R$ 70,00). Aventureiros se lançam em escaladas nos picos das
Agulhas Negras, Prateleiras e Três Picos.

A paisagem do alto do Agulhas Negras é
indescritível: acima das nuvens, vê-se Rio, Minas e São Paulo. Nos vales
suspensos nascem rios que depois vão integrar as bacias dos rios Rio Paraíba do
Sul e Grande. Pesquisadores de várias partes do mundo vão ao Parque para
estudar sua formação geológica particular. Quem dispensa a escalada, e tem bom
condicionamento físico, pode apenas praticar o trekking (bastante íngreme) de
cerca de 4 quilômetros até cume do Agulhas Negras. Alguns vão e voltam no mesmo
dia, mas é possível dormir acampado lá em cima, com a autorização do Parque.

Se estiver planejando uma visita a região
neste inverno, não esqueça de fazer reservas com antecedência, porque está é a
estação preferida dos turistas, principalmente em Visconde de Mauá – o
faturamento dos distritos de Itatiaia e Resende aumenta até 50% nesta época do
ano. Não economize nos agasalhos, porque a região das Agulhas Negras, em média,
registra as temperaturas mais baixas do Sul do Estado. E, finalmente,
aventureiros de plantão, não esqueçam de descer os equipamentos de escalada do
armário.


int(1)

Região de Agulhas Negras, com um dos picos mais altos do Brasil, é ideal para escaladas, trekkings e rapel

Sair da versão mobile