Tive a grata satisfação de participar, no sábado (13/11), do encontro anual que o São Paulo Futebol Clube realiza para homenagear os seus ex-jogadores. Para quem se interessa por histórias de futebol, aquele lugar estava representando um verdadeiro pedaço do Paraíso.

A sensação era de alguém que entra em uma máquina do tempo e retorna a uma época em que o futebol era tratado com paixão, e os jogadores, apesar de nem sonhar em receber as cifras milionárias, que hoje são pagas a alguns craques, respeitavam acima de tudo a camisa que vestiam. Conheci vários atletas que confesso até então desconhecer a existência.

Alguns personagens, porém, me chamaram bastante a atenção, como, por exemplo, o lateral Barcelona, que atuou no clube na década de 50.
Com uma vitalidade invejável, conversou comigo durante um bom tempo, contando suas aventuras na equipe tricolor, que na ocasião era comandada pelo não menos lendário Feola. Foi uma viagem ao passado, sem nenhum medo de exagerar na nostalgia.

No meio de tanta alegria, reparei em um senhor que saía da festa se escorando em uma bengala. Em seu rosto havia uma expressão de amargura, que contrastava com os demais. Tratava-se de Bauer, jogador que em seus tempos áureos, ficou conhecido como “Monstro do Maracanã”.
Aproximei-me para conversar um pouco, mas ele foi bastante rude (para não dizer grosseiro!), o que me desencorajou de lhe fazer qualquer pergunta. Uma pessoa que observava a cena percebeu o constrangimento da situação e me falou:
-Não ligue, pois ele sempre teve o gênio difícil e nunca se conformou com o fim da carreira!

Aquilo me comoveu e por alguns instantes me lembrei de Romário, que se despedia da Seleção Brasileira naquele mesmo sábado em partida amistosa contra a Seleção do Haiti, e que me parece sofrer do mesmo mal.
Acredito que não seja fácil, em nenhuma área, reconhecer o momento certo de parar, mas, para um jogador, a aposentadoria é sinônimo de ostracismo. Até porque, a memória nunca foi o forte do povo brasileiro.

Fiquei imaginando como seria um encontro entre Bauer (“O Monstro do Maracanã”) e Romário (o Herói do Tetra). Duas gerações e um só dilema: aceitar os caprichos do tempo, entender que humanidade caminha como as ondas do mar. Enquanto umas nascem no meio do Oceano, outras, que já fizeram o mesmo percurso, morrem na beira da praia.

Que essa iniciativa do São Paulo, não seja apenas para valorizar aqueles que ajudaram a escrever a história do clube, mas sirva também de exemplo para outros times, que não se lembram sequer quem fazia parte do elenco na última temporada.

<b>NOTAS:</b>

1-Bem pior que os resultados que o Flamengo tem conseguido no Brasileirão, é o comportamento inadmissível de sua torcida, vandalismo lamentável.

2-Tite esta certo em não ficar no Corinthians, caso a parceria com a MSI dê certo.

3-Pedrinho retorna à Seleção, melhor que exaltar o seu bom desempenho em campo e parabenizá-lo por sua garra e determinação. Superou problemas sérios em sua vida pessoal, “Bela volta por cima”.

4-Se o que realmente ocasionou a saída de Renaldo do Palmeiras foi o fato de ele ter participado da polêmica reunião no Sindicato dos Atletas, assumo que vou ficar assustada temendo pelo fim da nossa liberdade de expressão, “Viva a Democracia”.

5-Concordo com as declarações do Presidente da FIFA Joseph Blatter, em que os times europeus estão sim exagerando no número de estrangeiros contratados. A colocação de que o futebol do velho continente está se tornando um comércio humano e que a globalização está sendo uma influência maligna ao esporte tem a minha total aprovação.

6-Agradecimentos:

Juca Pacheco e Felipe, ambos Assessores do São Paulo Futebol Clube. Obrigada pelo convite.

Renato Guedes – Por toda a sua dedicação.


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Recordar é viver