Os jogos do Campeonato Paulista deste ano foram analisados por uma Comissão Especial da FPF (Federação Paulista de Futebol). A decisão tomada foi a de manter os resultados de todos os jogos apitados pelos árbitros envolvidos no escândalo.
O relatório que será enviado para o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) está em fase final de elaboração, mas não irá condenar as atuações dos juízes Paulo José Danelon e Edílson Pereira de Carvalho, os dois acusados de um esquema de manipulação de resultados e de apostas ilegais pela internet.
A Comissão especial da FPF analisou os jogos e chegou a uma conclusão. "Se for analisar as participações dele (Danelon), os erros que ocorrem são todos de interpretação", afirmou Silas Santana, ex-árbitro que faz parte da comissão. Silas falou ainda que os erros de Danelon interferiram no resultado de dois jogos do Paulistão, mesmo não sabendo se foi intencional ou não. As partidas envolvidas só poderão ser reveladas depois que o relatório for entregue ao presidente da comissão.
Agora, as 22 partidas apitadas pelos dois árbitros envolvidos estão cada vez mais difíceis de analisar, pois a comissão acreditava que a "contaminação" seria somente em alguns jogos.
Nesta segunda-feira, Danelon deu depoimento e afirmou que recebeu dinheiro para "arrumar" o resultado de três partidas, mas que não conseguiu manipular os resultados, como lhe foi pedido. "Ele fala que pegou o dinheiro, mas que não interferiu em nada, que ficou muito nervoso", afirmou o delegado Oswaldo Nico Golçalves.
Em depoimento à Polícia Federal, Danelon afirmou ter recebido R$10 mil para interferir nos resultados de três jogos: Guarani x Atlético Sorocaba; Corinthians x Ponte Preta; Portuguesa Santista x União São João. Mas afirma que não errou nessas partidas, contando apenas com a "sorte".
"Juro pela minha mãe que nunca entrei em campo com a finalidade de prejudicar tal equipe", afirmou Danelon chorando durante o depoimento. O delegado revela que Danelon e Gibão começaram a se falar em 2004, quando o árbitro pediu um empréstimo de R$7,5 mil. Com isso, Gibão fez a cobrança quando Danelon apitou o jogo entre Santos e Guarani, no litoral.
De acordo com as apostas, a vitória teria de ser do Santos, mas o jogo terminou empatado em 0 a 0. Assim, Nagib Fayad disse que Danelon tinha acabado de perder R$320 mil, deixando o árbitro endividado. "No jogo seguinte, ele conseguiu abater um pouco dessa dívida, no jogo Corinthians e Ponte Preta ( 3 a 0 para o Timão), mas passou a ficar contaminado", confessou Nico Gonçalves.