O “se” é algo que todo mundo, vira e mexe, usa para se expressar. A Segunda Guerra poderia não ter acontecido “se” um tal de Hitler não tivesse existido. O governo Lula poderia estar tranqüilo “se” o Roberto Jefferson não estivesse ressentido. Ou o Brasil seria hexacampeão “se” o Zico, na Copa de 86, tivesse acertado aquele pênalti contra a França.

Tudo seria mais fácil se o “se” pudesse ser usado no presente e não apenas como um criativo exercício de futurologia. No futebol, o “se” pode tornar histórias incríveis em apenas fatos sem importância.

Na semana passada, estive no Rio de Janeiro e enquanto bebericava um chopp com os amigos André Loffredo e Vitor Sergio Rodrigues, comentamos sobre esse imponderável. Imagine você, caro leitor, se o “se” pudesse voltar no tempo e modificar a história do atual futebol.

Hoje, poderíamos nem saber quem é Robinho, por exemplo. A história do camisa 7 do Santos poderia ter sido totalmente diferente. Graças ao atacante Dimba, na época no Gama.

Basta voltarmos no tempo, mais precisamente ao dia 17 de novembro de 2002. Última rodada da fase de classificação do Campeonato Brasileiro. Os oito melhores garantiriam vaga para as quartas-de-final, em um mata-mata emocionante. Aliás, o último da história do Brasileirão, que no ano seguinte passou a adotar os pontos corridos como fórmula de disputa.

O Santos, então com um time de jovens desconhecidos e irregulares, começou a derradeira rodada na sexta colocação. Enfrentava o São Caetano, já classificado. Para não ter sustos, precisava vencer. Porém, não foi o que aconteceu: 3 a 2 para o Azulão e apreensão na equipe dirigida por Emerson Leão. Muitos jogadores, sem saber os resultados da rodada, choraram ao fim da partida.

Porém, o Coritiba, que brigava diretamente com o Peixe pela classificação, conseguiu o que parecia impossível. Foi goleado por 4 a 0 pelo Gama. Com dois gols de Dimba, hoje no São Caetano.

Pois é, podemos dizer que, direta ou indiretamente, foi graças a ele que hoje podemos admirar Robinho. Pode ser exagerado, mas que isso ajudou, ah, não tenho dúvidas.

Se o Santos tivesse ficado fora das finais, muito provavelmente a geração dos “Meninos da Vila” teria sido enterrada no fim de 2002. Uns diriam que faltou experiência e talvez alguns medalhões seriam contratados para o lugar de jovens como Robinho e Diego. Algumas hipóteses:

1. <b>Robinho é emprestado….</b>
Para ganhar mais experiência, a diretoria do Santos resolve emprestar Robinho para um time do interior de São Paulo.

2. <b>No interior….</b>
Enfrentando beques de pouca habilidade e muita virilidade, Robinho é caçado a cada partida. Uma lesão grave no joelho, decorrente de um carrinho maldoso, deixa o jogador fora dos granados por alguns meses.

3. <b>De volta ao lar….</b>
Como ainda tem o passe preso ao Santos, Robinho volta ao clube. Mas na Vila todos acham que o jogador é muito franzino e o atacante é liberado para ir para outro clube. Já o Santos aposta em medalhões para tentar sair da fila.

4. <b>Depressão…</b>
Deprimido, Robinho não consegue clube e aos 20 anos prefere arrumar um trabalho para ajudar em casa.

Claro que tudo isso que escrevi acima poderia ter acontecido “se” o Santos não tivesse conseguido a classificação e partido como um rolo compressor para o título brasileiro.

Ainda bem que esse “se” não fez questão de aparecer. Graças ao Dimba.


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Ogata: Agradeça ao Dimba, Robinho!