Na véspera da estreia da Nigéria pela Copa do Mundo de Futebol Feminino, que será na Alemanha, a treinador da Nigéria, Eucharia Uche, fez uma declaração polêmica, que irritou ativistas pela causa homossexual, ao afirmar que combateu a presença de atletas gays com a ajuda de religiosos.

Em entrevista ao “New York Times”, Uche, de 38 anos e ex-atleta da seleção, afirmou que nunca testemunhou qualquer atividade homossexual por parte das jogadoras, mas que tomou uma atitude por acreditar nos rumores e especulações de que tal comportamento seria recorrente na equipe. “Quando os rumores são fortes, você passa a acreditar que algo esteja acontecendo”, ressaltou.

Questionada sobre sua posição em relação ao tema, Uche, que se declarou casada e mãe de dois filhos, afirmou que o homossexualismo, “é algo sujo” e “espiritualmente e moralmente, muito equivocado”, reiterando o que já havia dito à imprensa nigeriana em março, ao diário “Daily Sun”, quando um dos auxiliares afirmou que houve cortes da equipe por conta da opção sexual e não por capacidade técnica.

Uche negou a afirmação: “não é meu estilo”, afirmou. Mas confirmou que pediu a ajuda de ministros pentecostais para realizar uma espécie de pregação às jogadoras, que, segundo ela, lêem a bíblia e rezam juntas.

“O lesbianismo é comum (…), mas cheguei a conclusão de que não se trada de uma batalha física. Precisamos de intervenção divina para controlá-lo e posso dizer que é uma coisa do passado. É um assunto superado”, resumiu.

Entretanto, o assunto não parece ser tão superado assim pelas atletas, ainda mais porque na África o homossexualismo é malquisto a ponto de pessoas que assumem publicamente tal comportamento serem alvo de perseguição. O caso recente mais chocante aconteceu em 2008, quando a meio-campista e ativista lésbica Eudy Simelane, então com 31 anos, foi estuprada e assassinada na África do Sul – uma morte que virou bandeira contra a violência a homossexuais no mundo. No continente, diga-se de passagem, é comum a violência chamada de “estupro corretivo”, em que grupos mantêm relações à força com lésbicas sob justificativa de tentar mudar sua opção sexual.

O jornal ainda questionou Precious Dede, goleira e capitã da Nigéria sobre o assunto. Ela preferiu se esquivar: “Não sei nada sobre isso. Tudo o que ela (a treinadora) disser é a verdade”. Uma fala curta, mas que mostra implicitamente tanto o incômodo com a situação quanto o fato de que, ao contrário do discurso da técnica, o assunto está longe de ser dado como superado.


int(1)

Nigéria polemiza ao cortar lésbicas da seleção