O técnico Josep Guardiola, que anunciou nesta sexta-feira sua saída do Barcelona na próxima temporada e será substituído pelo até então seu auxiliar, Tito Vilanova, explicou que deixa seu posto devido ao desgaste ao qual se viu submetido nos últimos quatro anos.

“Me desgastei, me esvaziei, preciso preencher esse vazio”, declarou Guardiola em uma concorrida entrevista coletiva.

Guardiola agradeceu o trabalho dos jogadores e oito deles, Puyol, Xavi, Iniesta, Valdés, assim como Cesc, Piqué, Busquets e Pedro, estavam presentes na entrevista coletiva.

Perguntado sobre a ausência de Lionel Messi, Guardiola respondeu metaforicamente que o argentino estava, sim, presente na entrevista coletiva.

“Hoje lembrei muito de Abidal e Keita, quem eu considero que foram meus termômetros durante todo este ano. Conheci poucos (jogadores) com tamanha integridade humana”, elogiou.

“Parto com a sensação de muito orgulho por ter estado aqui. Este é um clube de uma força, de uma vida e de uma potência incrível. Não tenham medo, quem me sucederá está mais do que preparado para levar adiante o meu trabalho”, comentou.

Guardiola revelou que comunicou sua decisão à direção no outono (do hemisfério norte) e se desculpou por não ter anunciado antes e a incerteza gerada por conta disso.

“Este é um erro que eu assumo. Parecia que eu estava querendo que fizessem súplicas, mas eu sempre quis contratos curtos, as coisas têm de ser feitas assim, porque quatro anos são uma eternidade”, insistiu.

No outono, Guardiola havia tomado a decisão e no início de dezembro comunicou sua posição à direção. “Não era possível revelar aos jogadores, por isso tudo foi tão longo”, detalhou.

Ele admite ter estado em um posto privilegiado. “Estou satisfeito com o resultado proporcionado pelos jogadores e quero agradecer a eles publicamente pelo que fizeram, porque eles são os que deram sentido ao meu trabalho”, disse.

Guardiola falou que os jogadores o fizeram amar o seu trabalho e agradeceu a paixão com que todos se empenharam.

“Quero agradecer por eles terem tornado realidade os milhões de jogos e ações que eu imaginei, não há prêmio maior do que isso”, admitiu.

Com relação ao seu substituto, Tito Vilanova, Guardiola não tem dúvida de que seguirá adiante. “De Tito espero o melhor”, revelou o técnico, quem acredita que o clube “acertou muito na escolha”.

Guardiola lembrou que Tito o ajudou muito nestes anos e que está “mais do que capacitado” para conduzir esse desafio. “Certo que fará um bom trabalho, sabe bem como funcionamos e tínhamos ideias conjuntas. Acho que dará a este clube o que eu já não podia dar mais”, resumiu.

Contou que Vilanova pediu sua opinião quando recebeu a proposta para assumir o cargo. “Se você se sente com força, aceite. Todos os treinadores do mundo desejariam estar ano seu lugar. É um trabalho exigente. De qualquer maneira, a decisão sobre a aposta do clube por Vilanova é de Zubizarreta (Andoni, diretor de futebol), não minha”, eximiu-se.

Em sua despedida, o técnico do Barça até a final da Copa do Rei lembrou o dia em que recebeu uma ligação de Evarist Murtra (diretor do clube) para assumir o Barcelona B. “Eu dava pulos de alegria em casa. Depois me perguntaram se eu poderia assumir a equipe principal, o meu sentimento era que tinha condições de abocanhar o mundo”, insistiu.

Guardiola garante que vai em paz. “Fiz tudo e muito mais para que tudo desse certo, com todo carinho. Parto com a lembrança de ter convivido com pessoas extraordinárias”, resumiu.

Na entrevista ele também desmentiu que tivesse se encontrado com Roman Abrahamovic para assinar com o Chelsea.


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"Me desgastei, me esvaziei, preciso preencher esse vazio", diz Guardiola