Após dois anos e oito meses de reforma e mesmo longe de as obras de seu entorno estarem finalizadas, o Maracanã foi enfim reaberto neste sábado para seu primeiro evento-teste – um amistoso que contou com vários craques e foi assistido por operários da obra e personalidades como a presidente Dilma Rousseff.

O estádio, que do lado de dentro parece estar praticamente pronto, faltando poucos reparos na parte superior, onde ficam as salas de imprensa e os camarotes, é uma das sedes da Copa das Confederações, que será realizada em junho, e vai receber sete partidas da Copa do Mundo de 2014, entre elas a final.

Na parte externa, porém, ainda há muito para ser feito. De acordo com um funcionário que trabalha na obra, executada pelo consórcio formado pelas empresas Odebrecht e Andrade Gutierrez, o estádio e seu entorno só estarão prontos em cerca de cinco meses.

“Ainda falta muita coisa. As passarelas estão sendo feitas, mas aqui dentro, o principal já está praticamente pronto. Para a Copa vai estar tudo pronto, mas ainda tem uns cinco meses de obras do lado de fora”, disse Igor da Silva Franco.

Para Franco, é uma honra ter participado de uma obra como essas e ver o estádio ganhar forma com sua ajuda.

“É engraçado. Quando eu era pequeno, vinha aqui e achava muito grande. Para mim, já se tornou algo normal, um ano e nove meses aqui. Tava tudo quebrado quando cheguei, ajudei em tudo. Vou trazer meus filhos e netos e falar que ajudei a construir isso”, disse.

Outro funcionário que preferiu não se identificar disse que o palco da final da Copa do Mundo de 2014 está quase pronto.

“A maior parte do estádio está pronta para receber os jogos. É legal saber que isso foi erguido com nosso próprio esforço. Está bem bonito, acho que o Brasil não vai fazer feio na Copa”, comentou.

Do lado de dentro, os banheiros funcionavam muito bem, o sistema de som esteve impecável, assim como os dois telões que transmitiam imagens em tempo real do que acontecia no gramado.

O Maracanã, agora, possui um sistema de captação de água da chuva para utilização em banheiros e um outro de iluminação que permite uma redução de 8% da energia elétrica.

Palco da final da Copa do Mundo de 1950, quando o Brasil foi derrotado pelo Uruguai, hoje o estádio recebeu uma partida amistosa entre “Amigos de Bebeto” e “Amigos de Ronaldo”. O novo gramado, tratado durante meses na cidade de Saquarema, foi estreado por craques como Júnior, Djalminha e Aldair, entre outros.

“É emocionante. Foram tantas emoções enquanto fui jogador. Agora que já parei, voltar ao Maracanã e fazer o primeiro gol é um grande presente, estou muito feliz. O Maracanã é novo agora, mais moderno. Dá saudade de antes, mas agora é outra vida, uma nova vida”, disse o atacante Washington ‘Coração Valente’, autor do primeiro gol do jogo.

Durante a partida, algumas pessoas levantaram um cartaz de protesto que dizia “Não às privatizações e às demolições”. A ação fez com que alguns policias se deslocassem, mas não houve tumulto.

“Nós somos a favor das causas que envolvem o todo. Somos do Comitê Popular da Copa. Somos de vários grupos, da resistência indígena. Queremos que o antigo museu do índio seja destinado à cultura indígena. Somos contra a demolição de espaços que têm que ser revitalizados. Somos contra a falta de transparência do dinheiro público. A gente sofre bastante retaliação, mas estamos na luta”, disse Amanda Assunção, de 32 anos.

Além de Amanda, havia outras pessoas nas arquibancadas que não eram operários da reforma do estádio ou seus familiares – os únicos que receberam ingressos para a reinauguração, já que não houve venda ao público em geral. Alguns donos dessas entradas exclusivas as venderam nos últimos dias por preços entre R$ 50 e R$ 100.

Com capacidade para 78.838 pessoas, o estádio contou com apenas 30% do público total. Nas tribunas e camarotes estavam personalidades como a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer, o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, e o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes.

O evento-teste também teve algumas apresentações de artistas brasileiros. O primeiro a cantar foi Neguinho da Beija-Flor, seguido por Naldo, Preta Gil e Martinho da Vila. O hino ficou por conta de Eduardo Dussek, Fernanda Abreu, Ivan Lins e Sandra de Sá.

Após diversos problemas ocorridos durante a reforma do Maracanã e que levaram a um atraso de quatro meses em relação à data prevista para sua reinauguração (dezembro de 2012), o estádio enfim tomou forma para receber um grande evento, e será testado de fato para a Copa do Mundo na Copa das Confederações. A primeira partida válida por esta competição, entre México e Itália, está marcada para o dia 16 de junho.


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Maracanã reabre com jogo festivo, protesto na arquibancada e obras por fazer