<b><i>Por Márcio Ogata</i></b>

Minha primeira lembrança de Olimpíada remonta ao ano de 1980. Ainda pequeno, com apenas quatro anos, recordo de ficar maravilhado com a festa de encerramento dos Jogos de Moscou. Talvez tenha sido neste momento que percebi que o esporte faria parte da minha vida para sempre.

Ainda me emociono ao ver a imagem de Misha, um simpático urso, mascote daquela Olimpíada, dando tchau e deixando as lágrimas caírem de seus olhos. Afinal, talvez os menos desavisados não entenderam que aquele choro artificial representava um momento triste e doloroso no mundo real. O planeta vivia as tensões da Guerra Fria. Nos Jogos de Moscou, os Estados Unidos não compareceram, boicotando o evento. Fato que se repetiu quatro anos depois, em Los Angeles, quando foi a vez dos russos deixarem de lado o espírito olímpico em nome de políticas e interesses estúpidos.

As lágrimas de Misha eram, talvez, porque com o fim dos Jogos, tudo voltava a ser como antes. A paz proporcionada naqueles dias de 1980 pelo esporte acabaria no encerramento da Olimpíada. Um sentimento que representava toda uma nação, e talvez, um planeta.

O fato é que uma Olimpíada é muito mais do que uma competição esportiva. Ela transcende esta esfera; une povos e mostra que o mundo pode ser perfeito, sem as diferenças étnicas, religiosas e sociais. Nem que seja por apenas alguns dias. O esporte ensina que há alternativas para guerras, desigualdades e opressão. Basta apenas boa vontade de quem comanda as nações.

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A tradição de escolher um bicho fofinho para representar a Olimpíada começou em 1972 nos Jogos de Munique, na Alemanha. A primeira mascote olímpica foi o cão bassê Wald. Em 1976, em Montreal, o "muso" inspirador dos Jogos foi o castor Amik. Mas tanto Wald como Amik eram muito sérios.

A mania das mascotes pegou mesmo quando apareceu o simpático ursinho Misha, na Olimpíada de Moscou. Depois apareceu Sam, uma águia pintada com as cores dos Estados Unidos, em Los Angeles, 1984.

Para a Olimpíada de Seul, foi escolhido um animal típico da fauna local e ameaçado de extinção: o tigre. Hodori usava uma boina e também foi bastante simpático com os atletas.

Em Barcelona, foi a vez de Cobi brilhar. Cobi era um cachorro de uma raça desconhecida que ficou tão famoso que acabou virando desenho animado. No desenho, Cobi praticava esportes e, ao lado de seus amigos, falava sobre o respeito ao próximo e a importância da atividade física.

A mascote dos Jogos de Atlanta, em 1996, não pegou. Izzy era um bicho bem esquisito, tanto que o seu nome original era Whatizit, uma contração de "What is it?" ("O que é isso?", em inglês). Em Sydney, os personagens escolhidos como mascote não tiveram conotação ideológica. Politicamente corretos, traziam consigo, no entanto, a marca da propaganda e de uma mensagem com forte apelo. Foram três mascotes: um eqüidna, um ornitorrinco e um pássaro típico da Austrália.

Agora em Atenas, Phevos e Athena são dois irmãos e mascotes oficiais da Olimpíada de 2004. Sua criação foi inspirada por uma boneca grega antiga e seus nomes são ligados à Grécia antiga. No entanto, os dois representam crianças da época moderna.

Os nomes vêm de dois deuses de Olimpo: Phevos, nome do deus de Olimpo, que representa a luz e a música conhecida como Apollo. Athena, deusa da sabedoria e patrona da cidade de Atenas.

Mais do que símbolos dos Jogos, as mascotes representam também muito dinheiro. A comercialização de produtos com a imagem delas proporciona um lucro gigantesco. O que mostra que além de unir povos, a Olimpíada é hoje um grande comércio.


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Márcio Ogata: Recado de urso

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