<b><i>Por Márcio Ogata</i></b>

Quem eu gostaria que ganhasse uma medalha olímpica não tem mais chances. A derrota para o mediano Nicolas Massu acabou com o sonho dourado de Gustavo Kuerten. O tenista brasileiro agora terá que lutar com seu corpo para poder almejar um lugar em Pequim, daqui a quatro anos.

Pois será a condição física que determinará o que será de Guga daqui para frente. É clara a limitação que o brasileiro tem após a cirurgia em seu quadril. Dificilmente veremos Kuerten com a explosão que o consagrou nas quadras do mundo todo.

E seus adversários sabem muito bem disso. A resistência de Guga é baixa. Para ele, é fundamental vencer os jogos o mais rápido possível. Sem longas e demoradas trocas de bola. Quanto mais tempo a partida levar, menor a chance do brasileiro vencer.

O fato faz com que tenistas limitados, como o chileno Massu, possam vencer Guga até com certa facilidade. Por mais que a técnica seja fundamental, o tênis de hoje mostra que a parte física é tão ou mais importante. Por isso, ver o velho Guga arrebentando pelo mundo será cada vez mais difícil. Uma pena.

Mas isso, pelo menos para mim, não faz de Kuerten um ex-ídolo. Prefiro não ficar aqui teorizando, dizendo que o problema é do técnico Larri Passos, que falta motivação a ele, etc. Guga fez mais do que podia. Muito mais. Pois não há nenhum incentivo do Governo ou da própria Confederação Brasileira de Tênis para que tenistas apareçam aos montes por aqui. Tudo o que ganhou foi sozinho.

Guga trouxe ao Brasil glórias que poucos conseguiram. Poderia fazer mais? Talvez. Mas aí seria um barato trabalho de futurologia. O que importa é que nós, brasileiros, devemos respeitá-lo por tudo o que fez. Derrotas como a da estréia da Olimpíada não apagam a história que Kuerten escreveu. Jamais.

<i><b>Márcio Ogata</b> atualmente é Editor da Rede TV! e Diretor-Executivo de Novos Negócios da agência MBPress. Escreveu para a revista PLACAR, foi Editor do Sportv, Editor-Chefe dos sites oficiais do Campeonato Brasileiro e da Liga do Nordeste, além de Editor de Esportes do portal iG.</i>

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Márcio Ogata: Quadril maldito!