Três dias depois do meia Fabrice Muamba, do Bolton, sofrer uma parada cardíaca no gramado do estádio White Hart Lane, em Londres, durante o jogo contra o Tottenham, surgem as primeiras vozes que apontam para um controle médico insuficiente a que se submetem os jogadores na Inglaterra.

Normas do campeonato do país estabelecem que todos os jogadores profissionais devam passar por exame médico anual, porém, os maiores de 21 não são obrigados a passar por testes cardiológicos detalhados, já que se considera que qualquer problema teria sido detectado anteriormente.

Para o técnico do Manchester City, Roberto Mancini, esses exames são poucos e não são específicos. Nesta terça-feira, ele exigiu que a cada seis meses se realizasse revisões nos atletas, para evitar incidente como o de Muamba.

“Aqui na Inglaterra tudo é fantástico, temos o melhor campeonato do mundo, mas devemos melhorar as condições de saúde dos jogadores”, afirmou o italiano.

A direção da ‘Premier League’, no entanto, se defendeu das críticas lembrando que endureceu as suas normas depois do incidente com o tcheco Peter Cech. O goleiro do Chelsea fraturou o crânio em uma partida contra o Reading, em 2006, e no primeiro momento, os funcionários do serviço de atendimento não souberam avaliar a gravidade da lesão.

Na época, em meio a várias críticas e ao risco de morte do jogador, os dirigentes ingleses estabeleceram normas como a obrigação de que haja uma ambulância nos estádios e que cada clube tenha um médico no banco de reservas. Nessa época, também se estabeleceu o exame anual para jogadores entre 16 e 21 anos.

Para o técnico do Liverpool, Kenny Dalglish, essas medidas parecem insuficientes. “Eu não sei como são os testes específicos a que são submetidos cada jogador. Fabrice (Muamba) passou por exame cardíaco em quatro ocasiões e talvez não tenha tido sorte”, disse o escocês.

No exame anual, um médico tira a pressão dos jogadores e busca possíveis arritmias cardíacas. Além disso, a norma da Liga prevê que os clubes façam avaliações com os atletas. Em 1996, houve mudança no país por conta da morte do jovem jogador John Marshall, que um ano antes, quando tinha 16 anos, morreu de ataque cardíaco, um dia antes de ser incorporado ao elenco do Everton, clube com quem tinha assinado contrato.

O adolescente sofria de miocardiopatia, que aumentava as chances dele sofrer uma súbita parada no coração, que nunca havia sido detectada.

“Vamos estudar tudo o que aconteceu e, se houver algum modo de melhorar, faremos o que estiver ao nosso alcance para evitar que ocorra algo assim novamente”, afirmou nesta terça-feira o diretor-executivo da ‘Premier League’, Richard Scudamore, após dar parabéns à equipe médica que, segundo ele, salvou a vida de Muamba.


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Caso Muamba abre debate sobre controle médico no futebol inglês