Cerca de 30 atletas com idades entre 26 e 40 anos, pesando em média 140 quilos e com apetite diário de oito mil calorias, chegam à cidade de São Paulo nessa semana com um único objetivo: consagrar-se como o homem mais forte do mundo. Tarefa nada fácil quando o desafio é testar a força de forma não convencional. Essa será a proposta do “STRONGMAN”, um campeonato que envolve diversas baterias de provas de força, que acontece nos dias 19, 20 e 21 de agosto no Ginásio do Ibirapuera, na capital paulista. O evento, inédito na América do Sul, espera atrair cerca de 30 mil pessoas nos três dias de competições e destacará os maiores atletas da modalidade na etapa Brasil, que disputarão as quatro vagas para o mundial que acontecerá em setembro, na cidade de Quebec, Canadá.

A competição atual, inspirada nas provas de coragem e virilidade dos escoceses e escandinavos, não prova mais o máximo da força humana ao cortar grossas toras de madeira, mas sim puxando caminhões, levantando carros e carregando bolas maciças de concreto de até 170 quilos. A etapa Brasil sediará os campeonatos Pan-americano e Intercontinental, na qual serão realizadas quatro provas diferentes por dia, que mesclam radicalismo e atividade física levada ao extremo. Entre os competidores, estão atletas da Rússia, Canadá, Irã, Noruega, Suécia, Hungria, África do Sul, Estados Unidos, Nova Zelândia, Polônia, Lituânia, Holanda, Argentina e Brasil.

A IFSA – International Federation of Strenght Athletes – é responsável pela regulamentação mundial do esporte de força, pela homologação das provas e equipamentos, assim como a realização dos exames antidoping em cada etapa, garantindo a idoneidade dos competidores. As provas incluem as seguintes modalidades: Atlas Stones, Yoke Race, Farmer´s Walk, Shield Walk, Log-Lift, Wheels Dead-Lift.

Em toda etapa, duas provas são inseridas na programação em caráter surpresa a critério da organização, com aval da IFSA. Uma delas será a “Conan´s Wheel”, onde o participante carregará quatro pessoas em um equipamento de aço inoxidável, totalizando cerca de 400 quilos. Bem ao estilo brasileiro, a prova “Caçamba de Mão” fará com que o atleta percorra 25m, empurrando a típica caçamba utilizada para entulhos, repleta de lixo.

Tradicionais no esporte, os atletas mais experientes vêm do Norte e Leste Europeu. O sueco Karl Magnus Samuelsson (conhecido como Viking-Power) e o húngaro Adam Darash já conquistaram títulos nacionais em seus países e apontam nessa etapa como os favoritos. Ainda sem tradição no esporte, o Brasil chega tímido com dois representantes: Cristiano de Caxias do Sul (RS) e Silvio Vitório de São Paulo (SP). Cristiano Souza, de 26 anos, 100 quilos e 1.80m, treina exclusivamente para as provas de força há cinco anos e visualiza o campeonato como uma grande oportunidade para obter destaque no esporte. “Apesar do meu respeito e admiração pelos grandes atletas que participarão do campeonato, quero deixar a minha marca e tentar mostrar que o brasileiro também pode ser o homem mais forte do mundo”, afirma. Já Silvio (34 anos, 105 quilos e 1,75m), com mais 20 títulos em levantamento de peso, incluindo o mundial do ano passado, vê o STRONGMAN como um novo desafio em sua carreira. “Agora quero superar os meus limites. Acompanho os campeonatos apenas pela televisão e será o máximo encontrar com os grandes atletas do esporte e competir com eles”, fala.

As seletivas também aconteceram em Moscou (Rússia), Las Vegas (EUA) e Riga (Letônia) e o Brasil estréia no circuito STRONGMAN com o objetivo de ampliar a visibilidade do esporte no mundo. “Acreditamos no crescimento desse esporte e temos potencial para revelar os talentos escondidos, que possam em um futuro próximo competir na modalidade em nível mundial. O próximo passo será a realização do Campeonato Nacional de Homens Fortes, previsto para 2006”, afirma o organizador do evento no Brasil, Luis Augusto de Alcântara Machado.

De acordo com a IFSA, existem cerca de mil atletas de força em todo o mundo, uma modalidade esportiva consolidada na Europa, Canadá, Estados Unidos, Ásia e Oceania. Desse total, 85 deles são oficialmente registrados como profissionais pela federação.


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Brasil terá seletiva do 'homem mais forte do mundo'