Estreia nesta sexta-feira (13), no Centro Cultural João Nogueira, a peça Emily, dirigida pelo veterano Eduardo Wotzik e estrelada por Analu Prestes. Em curtíssima temporada, o espetáculo trata da poetisa feminista do século XX Emily Dickinson.

A escritora, conhecida por ter passado a vida em semi-reclusão, construiu na literatura um universo próprio. “Emily nunca esteve sozinha apesar de praticamente viver uma vida reclusa em sua casa. Emily estava sempre acompanhada de sua família, de seu cachorro, de seu jardim, suas plantas, seus passarinhos, seus livros, sua capacidade de observar o mundo, sua mente, pensamentos, sua inteligência. Emily estava sempre acompanhada das palavras”, explica o diretor em entrevista ao Virgula.

Com um currículo diverso, que inclui montagens de Nelson Rodrigues e Millôr, além de personagens como Aracy de Almeida, Wotzik tem carreira marcada pela pluralidade de gêneros e formatos. Esta peça, no entanto, levou 25 anos de gestação. Questionado, explica a razão da demora. “Há de se ter muita calma para não precipitar”, diz. “Todos os meus trabalhos foram resultados de um longo processo de maturação. Eu adoro. Desde o dia que fui apresentado ao texto do William Luce comecei a imaginar como poderia trabalhá-lo para se tornar uma obra de arte necessária. A partir daí é a obra que me dirige”, diz.

Outro ponto curioso a respeito de Emily Dickinson é a publicação e consagração de sua obra – ambas póstumas. Suas biografias, por exemplo, são baseadas nas cartas que mandava para amigos e familiares. Para o diretor, tal fator foi fundamental na criação do espetáculo: “A peça que construí é uma ficção. Um uso poético, uma síntese, uma hora, uma extração da vida da Emily que acredito nos serve, hoje, um olhar sobre o seu quintal. Nesse sentido realmente temos em cena uma licença poética para falar num tempo poético de uma poeta que viveu sua vida poeticamente”.

O universo complexo construído em torno da personagem é evidenciado pela direção de arte do espetáculo, assinada pela protagonista Analu. Rita Murtinho dirige o figurino de época com elementos revisitados; Paulo Francisco Paes é responsável pela trilha sonora, baseada no piano e decorada com sonoplastia de elementos da natureza, como chuva, passarinhos e árvores.

Há ainda projeções de Elisa Mendes e a iluminação discreta de Fernanda Mantovani – tudo colaborando para a criação de um universo particular.”Minha orientação era que todo elemento que o espectador encontrasse no espetáculo produzisse nele a impressão de ter sido confeccionado com delicadeza e carinho pela própria personagem”, conclui o diretor.

Emily fica em cartaz de 13 a 15 de setembro no Imperator – Centro Cultural João Nogueira, no Rio de Janeiro.

Mais informações: www.imperator.art.br


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Peça sobre autora Emily Dickinson estreia nesta sexta no Rio de Janeiro

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