Foi aberta nesta terça-feira (1), em São Paulo, a exposição Ocupação Zuzu, no Itaú Cultural. A mostra é uma retrospectiva da carreira e da vida da estilista Zuzu Angel, que foi marcada pela luta contra a ditadura militar e a busca pelo corpo do filho, Stuart Angel, um dos desaparecidos durante os anos de chumbo. Estilista reconhecida internacionalmente – ela foi a primeira a desfilar em Nova York -, Zuzu vestia atrizes de Hollywood como Liza Minelli e Joan Crawford.

Organizada pelo Instituto Zuzu Angel, da filha da estilista, a jornalista Hildegard Angel, a exposição contou com a presença de Milú Villela, presidente do Itaú Cultural, a Ministra da Cultura, Marta Suplicy, além de Paulo Borges, presidente da SPFW – que foi alvo de críticas veladas durante um discurso de Hildegard.

O evento teve ainda um desfile-performance com roupas da estilista e reinterpretações criadas por Karlla Girotto.”Ela era uma mulher que mostrava o tempo todo a sua capacidade de superação. Era uma mulher criativa e cheia de habilidades”, conta hildegard. “Além de uma sensibilidade artística, ela tinha um dom de marketing e de convencimento muito grande”, completa.

Entre as peças expostas estarão as da coleção que criou após o assassinato de seu filho pelo CISA, Centro de Informações da Informática da Aeronáutica, em retaliação ao seu envolvimento no MR-8, grupo guerrilheiro que lutava contra os militares. As roupas tem manchas vermelhas, pássaros em gaiolas e motivos bélicos, em alusão ao governo autoritário da época.

Um dos andares da exposição é dedicado ao luto de Zuzu pelo filho, no qual fica clara a ruptura no estilo da estilista após o desaparecimento de Stuart. As cores vivas e estampas ricas em detalhes foram substituídas por tons sóbrios, muito preto, e estampas figurativas e cheias de mensagens. Um dos objetos mais emocionantes é uma mesa com a inscrição: escreva uma carta para quem você nunca encontrou.

Em 1976, Zuzu morreu em um acidente de carro no Rio de Janeiro. Dias antes, tinha deixado com Chico Buarque um bilhete que dizia: “Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”. Em 2013, foi vazado pelo Wikileaks, de Julian Assange, um documento oficial dos Estados Unidos que demonstrava a preocupação do país com a hipótese de que ela tinha sido assassinada.

Ocupação Zuzu
De 2 de abril a 11 de maio
De terça-feira a sexta-feira, das 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h


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Com desfile, abertura de mostra sobre Zuzu Angel em SP reúne moda, história e luto