(Por Camilo Rocha) Ele já quase congelou nas montanhas do Tibete, esteve em sequestro de avião na Austrália, achou múmias no Peru, ajudou a salvar um rei nos Balcãs, pegou vilões no deserto da Palestina e chegou até a viajar para a Lua.

O jornalista Tintim, famoso por seu topete, coragem e honestidade, completa 80 anos neste sábado (10/1). Criado pelo belga Hergé, o personagem se tornou um dos nomes mais populares da HQ européia do século 20.

Cult no Brasil

No Brasil, assim como nos EUA e Grã-Bretanha, Tintim sempre foi um personagem mais cult, nunca consumido em massa. Muitos nem conhecem sua versão em álbum de quadrinhos, e sim o desenho que a TV Cultura passava até pouco tempo atrás e que muitos consideram bastante inferior às histórias impressas.

Talvez isso mude se andar um projeto que Steven Spielberg e Peter “Senhor dos Anéis” Jackson têm de levar Tintim para Hollywood. Spielberg, que enxerga em Tintim um herói tipo Indiana Jones, acalenta esse sonho desde 1983, quando assegurou os direitos do personagem pouco antes de Hergé morrer. Falta algum estúdio enxergar viabilidade comercial no projeto. Eles já receberam um “não” da Universal.

Série completa agora no Brasil

A Companhia das Letras, que já tinha lançado 20 álbuns da coleção Tintim, aproveita a data comemorativa para completar a série. Acaba de lançar as duas últimas aventuras publicadas de Tintim, “Vôo 714 Para Sydney” e “Tintim e os Pícaros”, além de dois volumes inéditos no Brasil.

O primeiro dos inéditos é “As Aventuras de Tintim no País dos Sovietes”, tosquíssima estréia do personagem, de 1929/30. Tintim nasceu para ser veículo de propaganda anti-comunista. Hergé trabalhava para um jornal católico ultra-conservador e o religoso que era seu patrão mandou que criasse um personagem para combater idéias de esquerda, especialmente aquelas vindas da recém-criada União Soviética. O problema é que o religioso não era apenas anti-comunista. Ele foi preso depois da Segunda Guerra Mundial, acusado de colaborar com os nazistas.

Evolução

Hergé, felizmente, evoluiu muito nas idéias e na arte. As aventuras do jovem repórter foram ficando cada vez mais bem desenhadas, os roteiros mais engraçados, elaborados e empolgantes. Além disso, um sensacional elenco de coadjuvantes foi sendo adicionado às histórias: do lobo-do-mar beberrão Haddock, melhor amigo de Tintim, aos atrapalhados detetives gêmeos Dupond e Dupont ao professor Girassol, surdo e habitante de um mundinho próprio. E não se pode esquecer do fiel cão Milou, que acompanha Tintim desde a primeira aventura.

O autor de Tintim também passou a investir numa pesquisa cultural aprofundada sobre os costumes e a cara dos países por onde Tintim passava. Com isso, as histórias ganharam não só riqueza de referências, como expressavam um sentimento muito atual de diálogo e entendimento de culturas diferentes (muito melhor que a maneira rasa como a Disney lidava com isso, por exemplo).

“Vôo 714 Para Sydney” e “Tintim e os Pícaros” são Hergé e Tintim na sua melhor forma. Funcionam como uma ótima introdução para quem não conhece o personagem. E um delicioso reencontro para quem já conhece Tintim de outros tempos.

Já “Tintim e a Alfa-Arte” é outro volume só para fãs. O álbum traz o roteiro e os esboços de uma história nunca publicada, pois Hergé morreu antes de terminá-la. Ou para desenhistas, já que permite uma boa olhada nas engrenagens da criação de uma história em quadrinhos de alta qualidade.

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Tintim faz 80 anos e tem coleção completa lançada