Muitos cariocas e fluminenses não sabem, mas o segundo maior espelho de água doce do país fica no Rio de Janeiro: a Lagoa Feia – que de feia não tem nada, aliás – só perde em tamanho para a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, a maior do Brasil. A Lagoa Feia banha os municípios de Campos dos Goytacazes e Quissamã, no Norte Fluminense, e a sua margem contorna inúmeras propriedades rurais. Ela alimenta plantações, fornece água potável às cidades próximas e peixes à população local. Mas é como agitado ponto de turismo natural da região que a Lagoa é conhecida. Suas águas permitem a prática de windsurf e de outros esportes aquáticos.

Apesar da sugestão do nome, ele se deve apenas ao fato de que, no dia da sua descoberta, feita por militares colonizadores da região, no século 17 – os chamados Sete Capitães –, uma tempestade deixou suas águas revoltas e nada atraentes. Mas, em dias de céu azul, a Lagoa é bela e impressiona pela grandiosidade. Sua beleza e as condições climáticos de vento forte, que empurram facilmente as embarcações, são responsáveis pela atração de esportistas. Suas águas já sediaram até campeonatos de windsurf.

Além de facilitar a prática esportiva de água doce, com uma área de aproximadamente 138 km², a Lagoa Feia é fonte de abastecimento de água potável para todo município de Quissamã, atingindo inclusive áreas rurais próximas. Irriga diversas plantações, como de cana-de-açúcar, coco e abacaxi. E, como se não bastasse, é também a principal fonte de pescado de água doce na região, e a exploração de pesca comercial nas suas águas vive de dezenas de espécies, entre elas a tilápia, o acará, bagre, morobá, a traíra e o robalo.

O que faz da Lagoa Feia uma fonte de riqueza natural é a complexa rede de canais naturais – e artificiais também – que a abastece. Seu entorno é formado por dezenas de outras lagoas interconectadas, e por isso a Lagoa Feia é alimentada por vários córregos, riachos, alagados, principalmente, pelos rios Macabu e Uraí – este último é o principal abastecedor de água doce.

Entre a vegetação presente na Lagoa Feia está uma densa flora submersa e flutuante, e as áreas mais rasas formam brejos com até 200 metros de largura, onde vivem muitas marrecas e espécies de animais exuberantes, como jacaré de papo amarelo. E a Lagoa já foi ainda maior, há cerca de 100 anos, Segundo estudos científicos: de lá para cá, perdeu dois terços da sua extensão original, graças ao mau uso de seus recursos hídricos. Infelizmente, o seu ecossistema continua ameaçado, hoje principalmente pelo avanço dos aterros em suas margens. Ainda assim, é a segunda maior do país, e um lugar de belíssima paisagem que vale a visita.


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Segunda maior lagoa de água doce do país, em Quissamã, atrai atletas e turistas