“Deus, que amanhã eu ache R$ 5,00 na rua para terminar de passar esse mês. Amém”. Com mais de 22 mil likes e quase 3 mil comentários, essa é apenas uma das postagens muito loucas da página “Ajudar o povo de humanas a fazer miçanga”, da curitibana Nikki Vargas, que tá perto de bater a marca de 2 milhões de seguidores. Se você ainda não deu um “share” ou “like” em alguma dessas tiradas maravilhosas, de duas, uma: ou tá mentindo ou não frequenta esse lugar chamado INTERNET há algum tempo, com certeza.
É lá que muita gente perde algumas horinhas preciosas do dia, fingindo que preenche aquela planilha chata do serviço enquanto o chefe tá longe do computador. A página, refúgio para quem precisa de um respiro feliz na correria do dia-a-dia, também foi a salvação da própria Nikki, que começou essa brincadeira em meio a uma crise de depressão assustadora.
De uma maneira geral, nada estava nos eixos em 2015, quando a curitibana de 27 anos resolveu criar a página. “Foi por causa de muitas coisas que comecei tudo isso. Tinha a depressão, a pressão da minha família que queria ver a minha formatura, o relacionamento que não deu certo com um namorado… Tive que procurar um psicólogo por um tempo para melhorar. Minha família achava que eu estava louca, mas só me sentia perdida, mesmo”, explicou Nikki, em entrevista ao Virgula.
O ápice foi o término com o namorado e o desinteresse por mais um curso superior. “Eu estava estudando Direito, para ver se me encontrava. Desisti de vários cursos e, sinceramente, nunca me encontrei”, confessa. Segundo Nikki, a orientação do psicólogo era de que ela procurasse se distrair com outras coisas, buscar algum foco fora desse turbilhão de desencontros e frustrações. Na página, Nikki encontrou a motivação que precisava para voltar a gargalhar e contagiar outras pessoas com a mesma energia boa. Tem sido assim desde então, ainda bem.
“Se curar de uma depressão não é algo que acontece do dia para a noite. Eu tive vários momentos de recaída, e ainda preciso me cuidar, porque a depressão pode voltar. Mas o foco da página é justamente pegar as desgraças do cotidiano e rir. Isso ajuda a amenizar muitas dores. Tem pessoas que me agradecem por ajudá-las, mesmo que indiretamente, e levar um pouco de alegria em tempos tão horríveis”, conta Nikki.
Se você tá enfrentando essa barra chamada depressão, é de humanas e não sabe por onde ir, calma. Ainda há muita risada e pedaço bom de alegria pela frente, como diria Guimarães Rosa. A Nikki aproveitou para dar algumas dicas para a gente que a ajudaram a deixar a sombra da tristeza para trás, num outro momento de sua vida. Se liga!
Primeiro: procure a ajuda de um médico ou profissional para acompanhar o seu quadro de depressão, com responsabilidade e compromisso.
Segundo: enfrente o que você está vivendo e mexa-se, sempre. Pode ser com atividades físicas, exercícios mentais… Até mesmo uma partida de videogame ajuda a distrair! A Nikki, por exemplo, costumava fazer Yoga.
Terceiro: não se deixe levar pela depressão. A saída é tentear enganar o próprio cérebro e encontrar maneiras de estimular o bom humor, vendo coisas engraçadas, conversando com pessoas que têm um bom astral, assistindo a filmes de comédia… Tudo isso pode reverter a situação.
Quarto: nunca ficar nas tristezas da vida (“felizes são os ignorantes”, disse Nikki). É preciso buscar uma inspiração e fugir do ciclo vicioso das bad vibes, que insistem em colocar a gente para baixo.
Quinto: tentar ser feliz por si mesmo, sem entregar a dor nas mãos de outra pessoa, à espera do milagre da cura. É um bom momento para aproveitar e exercitar o autoconhecimento. Sem deixar de lado a ajuda de um psicólogo, é claro!
Sexto: por fim, rir, e rir muito. Dar umas boas gargalhadas melhora a saúde da alma e do coração, pode acreditar.
O que é viver com ansiedade e depressão
Créditos: Katie Joy Crawford