Um dos edifícios mais conhecidos do Rio de Janeiro, cartão-postal da cidade de Petrópolis, o Palácio Quitandinha completa 70 anos em janeiro. E o Sesc Rio, atual administrador do prédio, celebra a data oferecendo visitas guiadas e gratuitas aos espaços por onde já circularam importantes personalidades brasileiras e internacionais, de Getúlio Vargas a Walt Disney. Inaugurado como o maior cassino-hotel da América Latina, em 12 de fevereiro de 1944, com 50 mil metros quadrados, o Quitandinha foi erguido para ser muito luxuoso, em estilo hollywoodiano por dentro e normando-francês por fora. Hoje, suas paredes contam muitas histórias.

Para decorar todo o palácio, o empresário Joaquim Rolla, dono do hotel cassino, contratou Dorathy Draper, cenógrafa norte-americana. Sua intenção era criar um ambiente que remetesse ao glamour do cinema de Hollywood nos anos 40. Afinal, o espaço receberia, com pompa e circunstância, nomes que vão de Walt Disney a Getúlio Vargas, passando por Marlene Dietrich, Orson Wells, Lana Turner, Henry Fonda, Juan Domingos Perón e Evita, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Grande Otelo, entre tantos outros. Tudo nele era grandioso. Para as chamadas telefônicas, uma mesa com 800 ramais servia aos hóspedes dos seus 440 apartamentos. No Salão Mauá – um dos 13 majestosos salões com até 10 metros de pé direito – a cúpula de 30 metros de altura e 50 de diâmetro, tida como a segunda maior do mundo na época, encantava os jogadores. Algumas inovações deixavam qualquer um boquiaberto: havia uma piscina térmica, de tecnologia rara naquele tempo, e uma praia artificial, no lago com formato do mapa brasileiro, onde banhistas se divertiam na areia “importada” de Copacabana, no Rio, a mais de 100 quilômetros dali.

O mineiro Rolla, já envolvido no negócio dos jogos, dono de outros cassinos no Rio e em Minas – como o famoso Cassino da Urca -, se casou com a irmã do proprietário do terreno, Antonio Faustino. Juntos, ergueram, durante os anos da Segunda Guerra Mundial, o luxuoso palácio. Embora o cassino tenha logo se tornado um enorme sucesso, seus anos áreos duraram muito pouco. Culpa da proibição do jogo no Brasil pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra, em 1946, dois anos depois da inaguração. Sem o cassino como atração, o custo da hospedagem aumentou ainda mais, e os habituais hóspedes do Quitandinha começaram a optar por concorrentes na capital, como o Copacabana Palace e o Hotel Glória. Mesmo assim, o Quitandinha chegou a receber eventos importantes, como a Conferência Interamericana de 1946 e os disputados concursos de Miss Brasil.

Em 1963, Rolla vendeu o palácio a um grupo paulista, que o transformou em um condomínio de apartamentos de luxo. Com poucos moradores e, ao mesmo tempo, dono de uma grande infraestrutura de lazer, o espaço foi usado também como clube de alto padrão durante algum tempo. Até que, em 2007, o Sesc Rio passou a administrar os salões e as áreas externas, e começou a usá-lo para promover atrações culturais. A inauguração oficial do como palco de cultura foi em 2008, com uma apresentação da Orquestra Petrobrás Sinfônica. O Palácio foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e se tornou um dos locais mais visitados de Petrópolis. A área do condomínio continua privada, onde alguns quartos do antigo hotel formam os atuais apartamentos.

Para uma verdadeira viagem pelos 70 anos dos luxuosos salões do Quitandinha, qualquer visitante pode conhecer o lugar e viver um pouco da atmosfera que tantas personalidades experimentaram. A visitação livre é gratuita, mas há a opção de visita guiada e autoguiada, por R$3,00 para associados do Sesc, R$10,00 para o público em geral e R$5,00 para jovens até 21 anos e maiores de 60. Para começar a viagem, basta fechar os olhos e imaginar por alguns instantes que se está num cenário de Hollywood dos anos 40.


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Palácio Quitandinha, em Petrópolis, completa 70 anos de história

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