A criação do primeiro Mc Donald"s de São Paulo e o segundo do país, é outro episódio registrado em sua memória. Foi na rede de fast food, inaugurada em 1981, que o filho caçula de Dona Lenir, André, conquistou seu primeiro emprego, aos 16 anos. “Quer ouvir uma história engraçada? Na época, ninguém comia pão com gergelim. Quando uma cliente perguntou ao meu filho o que era aquilo em cima do pão, ele respondeu, confuso: ‘acho que é alpiste!’”, conta, com saudades.

Para os jovens das décadas de 60 e 70, diz a filha Raquel, não havia programa melhor que freqüentar os cinemas da Avenida Paulista. “Astor, Bristol, Gazeta… Íamos ao cinema com nossas melhores roupas, de cabelo feito e salto alto. Era um acontecimento. Todas as meninas se vestiam igual: saia, bota de cano alto de ilhós.”

Dona Lenir também se lembra dos encontros no cinema. “Os homens só podiam entrar se estivessem de gravata e paletó, sabia? Antes do filme, todos se encontravam no hall de entrada e ficavam paquerando, conversando.”

Outro passeio “da moda” era comer nas lanchonetes. “Pedir um cheeseburguer era a sensação da época. Isso não existia no Brasil, era uma novidade e tanto!”, diverte-se Raquel. “Quando ia ao cinema ou às lanchonetes da Paulista, voltava para casa mais feliz que nunca. Eu me sentia tão independente, pegando ônibus sozinha e indo para um lugar tão chique com as minhas amigas”, relembra.

Mãe e filha viram a avenida crescer e, com ela, a violência e a insegurança. “É triste ver como a violência tomou conta da região”, lamenta Lenir. No entanto, sempre com sua risada solta e as bochechas rosadas, a avó de três netos procura ser otimista. “Tudo tem seu tempo. Hoje a avenida é palco de passeatas, shows, festas. Perdemos de um lado, ganhamos de outro.” E Raquel completa: “O que importa são as memórias. Jamais esquecerei da Paulista da minha época: calma, tranqüila… Uma Paulista sem medos”.

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No cinema, só se for de paletó e gravata

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