(Por Fabiana de Carvalho) – Nesta época do ano, muita gente aproveita a chance para descolar uma graninha trabalhando temporariamente em lojas. Seja para pagar contas, viajar ou investir em algum projeto, é sempre bom contar com um extra no verão. Mas será que é assim tão fácil? E que vale o esforço?

A estudante de Relações Públicas Paola Durante, de 27 anos, acha que tudo depende de onde a pessoa conseguir a vaga. Ela já trabalhou em duas lojas e, justamente naquela onde foi efetivada, não conseguiu ficar mais de um mês. “Era muito chato lá”, assume. Mas naquela em que passou dois meses, no Shopping Iguatemi, em São Paulo, ela teve uma experiência muito boa.

“Era super cansativo, eu trabalhava das 16 às 22 horas, mas perto do Natal ia além disso. Mas para mim não tinha problema, fui com o objetivo de vender. Eu nem saía para lanchar, de tão empolgada, quando ia ver já estava na hora de sair”, conta.

Quem também está satisfeita com sua primeira investida é Marina Xavier de Oliveira. Aos 18 anos, ela decidiu trabalhar pela primeira vez e conseguiu uma vaga de caixa em uma loja no Shopping Iguatemi. “O começo é puxado, ainda mais para quem não tem experiência, como eu. Mas eu estou gostando muito. Vou ficar feliz se for efetivada depois”, diz.

Ser efetivada, aliás, é uma possibilidade real. Depois do período de festas, muitas lojas acabam absorvendo ao menos parte das funcionárias temporárias para permanecer em sua equipe. Em geral, quem se destaca nas vendas.

Por outro lado, ser uma vendedora exemplar pode até causar um pouco de ciúmes. Paola conta que tinha dificuldades com algumas funcionárias fixas. “Elas não gostam muito das temporárias, têm umas que têm raiva mesmo. Ainda mais porque eu cheguei a vender bastante, fiquei em primeiro lugar algumas vezes”. Já Marina escapou desse problema. “As meninas foram super receptivas comigo. Mas, também, como eu sou caixa, não disputo vendas com ninguém”, justifica.

Falta de opção

Mas nem todo mundo se empolga tanto assim. Maiza de Lavenère Bastos, de Florianópolis, recorreu a um emprego temporário porque não queria ficar sem dinheiro no verão. “Eu estava terminando um mestrado em Letras, dava aulas de inglês, mas não recebia 13º e nem férias”, explica.

Meio contra a vontade, distribuiu currículos em mais de 60 lugares, de bares e restaurantes a escolas e lojas. No final, acabou indo trabalhar para um amigo, dono de uma marca e uma loja de camisetas. Ela confessa que até se divertiu um pouco, conhecendo bastante gente, ganhando boas comissões e tendo um chefe de quem gostava.

Mas não gostaria de ter que repetir a experiência. “Eram 6 horas por dia com um intervalo de 20 minutos. A loja funcionava na Lagoa da Conceição, que durante o verão fica bombando de turistas, e, como na maioria dos dias era só eu de vendedora, era bem complicado. Muitas vezes, eu ficava essas seis horas em pé, atendendo mil pessoas ao mesmo tempo, buscando peças no estoque, dobrando camisetas, cobrando, passando o cartão nas máquinas que sempre davam problema, dando troco errado, tudo ao mesmo tempo agora”, lembra.

Ainda assim, Maiza recomenda a tentativa para quem quer aproveitar o período para juntar um pouco de dinheiro. Para Mariana, além do dinheiro, vale também pela experiência. “Todo mundo tem que começar por algum lugar. Para quem nunca trabalhou antes, acho que é uma ótima opção começar por aí”, opina.

Currículos

Ao contrário de Maiza, que precisava de um emprego com urgência, Marina e Paola planejaram onde poderiam entregar seus currículos. Marina optou pelos shoppings Iguatemi e Pátio Paulista, mesmo sabendo que as centrais de RH de cada loja encaminham os currículos para outras filiais. Mas acabou no próprio Iguatemi.

Já Paola foi ainda mais criteriosa. Escolheu apenas as lojas com as quais se identificava, onde gostaria de comprar suas próprias roupas. “Não entregava currículos em lojas que eu achava que não teriam a ver comigo”, diz. Como não tinha tanta urgência, podia se dar ao luxo de escolher um pouco. E, no final, trabalhou em lojas que inclusive pagavam salários e comissões acima da média.


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