(Por Sarah Corrêa) – Mais um entre tantos outros que tentam a vida na cidade grande. Simples assim poderia ser a descrição de Soninha, a personagem central do longa ‘Condomínio Jaqueline’. Porém, o clichê, aqui, ganha outras nuances porque extrai de uma realidade banal o drama necessário para justificar a história do filme.

O filme foi rodado em São Paulo, entre junho e julho deste ano, no edifício Anchieta, localizado na esquina da avenida Paulista com a rua da Consolação. Ele ganha consistência ao levar para a tela a vida de jovens entre 20 e 30 anos que encontram em rostos desconhecidos da Paulicéia laços tão fortes quanto ou até maiores que os de seus familiares.

E Soninha (Silvia Lourenço, de "O Cheiro do Ralo" e "Bicho de Sete Cabeças") encarna bem esta história: ela é uma jovem do interior recém-chegada na cidade grande que quer seguir a carreira de atriz. Além de Silvia, o filme tem no elenco Paulo Vilhena ("O Magnata"), Ailton Graça ("Carandiru", "Querô"), Maria Alice Vergueiro ("Tapa na Pantera"), Leilah Moreno ("Antônia – O Filme"), Fábio Herford, Hugueta Sendacz ("O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias"), Paula Pretta ("Antônia – O Filme"), Gustavo Machado e Maria Clara Spinelli, como a colega de apartamento de Soninha.

"O critério de seleção [do elenco] foi sempre o da adequação do ator ao personagem e, é claro, a qualidade do ator. Muitas vezes encontramos atores ótimos, mas que não conseguem, por exemplo, cantar", explicou o diretor Roberto Moreira em entrevista ao Vírgula. Problema que ele diz não ter tido com a cantora/atriz Danni Carlos, que interpreta a jovem cantora Justine.

Como o filme aborda um tema muito real, os ensaios para as filmagens foram fiéis à vida que se passa nas ruas na cidade de São Paulo. "A preparação dos atores ficou a cargo do Sergio Penna. Ele não ensaia o roteiro no sentido tradicional. Seu método é mergulhar os atores em situações semelhantes às do filme, ou seja, ele faz improvisações em locais reais. Durante a filmagem, o texto dito pelos atores é todo improvisado e as cenas geralmente se transfrormam bastante", contou o diretor.

Depois de "Contra Todos"

Roberto Moreira já tem certa intimidade com temas que englobam a vida da metrópole. Em 2004, "Contra Todos", estréia do diretor no cinema, ganhou mais de 20 prêmios pelo mundo, entre eles o de melhor longa brasileiro de ficção pelo júri oficial do Festival do Rio. Com trabalhos diferentes, mas abordando uma temática comum, Moreira também dirigiu alguns capítulos da série global Antônia e Cidade dos Homens.

Em ‘Contra Todos’, o diretor contou a história de uma família decadente da periferia paulista. O pai, um aparente pacato taxista, se revela um matador profissional; a mãe tem um caso com o melhor amigo do marido, que também mata por dinheiro; este, por sua vez, inicia um romance com a jovem filha de seu amigo matador. Neste clima, Moreira mostra a deterioração de um núcleo familiar permeado por desejos contidos e omissões.

Nesta onda, Moreira montou "Condomínio Jaqueline". Melhor dizendo, o roteiro foi escrito por Anna Muylaert, a partir de uma discussão entre o diretor e duas amigas, Georgia Araujo e Silvia Lourenço. A conversa girava em torno da "vida dos jovens, dos grandes centros urbanos conectados com a moda, cultura pop, música eletrônica, internet e à diversidade, em um mix de etnias, origens e sonhos, que formam a juventude de São Paulo", diz o site oficial do longa.

A película ainda inova em ser a primeira a ganhar uma versão em HQ, que é o contrário do que o mercado costuma fazer. Assinada pelo cartunista Papito, os quadrinhos devem ser lançados no país antes do filme chegar às salas de cinema, no segundo semestre de 2009.

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