(Por Camila da Rocha Mendes) “As ações de política monetária não resolveram as tensões nos mercados financeiros", afirmou o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) Ben Bernanke, durante evento organizado pelo BCE (Banco Central Europeu) em comemoração aos dez anos do euro.

 

Bernanke disse que "a contínua volatilidade dos mercados e recentes indicadores de desempenho econômico confirmam que o desafio se mantém", e pediu que as autoridades e os bancos centrais continuem a trabalhar juntos para enfrentar os problemas no mercado de crédito.

 

"Os esforços dos bancos centrais de todo o mundo para aumentarem a disponibilidade de liquidez, junto com outras medidas adotadas pelas entidades monetárias e os Governos, contribuíram para melhoras provisórias no funcionamento do mercado de crédito", completou o presidente do Fed.

 

Medidas governamentais

 

Em uma ação coordenada, o BCE, o Fed, o Banco da Inglaterra (autoridade monetária britânica) e os bancos centrais de Suíça, Suécia e Canadá diminuíram as taxas em 0,5 ponto percentual no início de outubro. Além disso, os principais bancos centrais do mundo injetaram recursos nas economias de seus países, o que trouxe certo alívio.

 

Estas medidas suscitaram uma nova questão: deveria o Estado interferir com mais vigor na economia? Da mesma forma como o presidente do BC americano já sinalizou que é a favor de mais intervenções estatais em suas economias, outras autoridades, como o presidente Lula declararam recentemente que os governos não devem deixar a economia correr solta.

 

História

 

Na crise de 1929, quando cerca de um terço da população norte-americana perdeu o emprego, o então presidente dos EUA Franklin Roosevelt se uniu a lideres europeus para desenvolver um plano conjunto (Acordo de Bretton Woods), que previa maiores poderes aos Estados no que diz respeito à regulamentação do mercado. Porém, com o passar dos anos, os governantes voltaram a dar maior liberdade à atividade econômica, em linha com os fundamentos da economia clássica, que prega a auto-regulação do mercado.

 

Hoje, com a crise assombrando o mundo, as idéias de Roosevelt voltaram a ser tema de decisões políticas. Exemplo disso é que neste sábado (15) os líderes dos países do G-20 se reúnem em Washington (EUA) para discutir a crise financeira global e devem iniciar discussões neste sentido. “Há uma mudança de rumos, abrupta e intensa, e tudo e todos estamos nos adequando a ela”, comenta Miriam Tavares, diretora de Câmbio da corretora AGK, sobre os efeitos da nova postura dos governos.

 

Bolsas reagem a incertezas

 

Esse clima de mudanças gera ansiedade nos investidores e, por isso, as bolsas operam sem rumo definido nesta sexta-feira (14). “A questão é que diante de tantas incertezas provocados por mudanças e ajustes, os investidores movimentam os recursos de suas aplicações financeiras com muita rapidez, na tentativa de buscar um porto seguro, o que se traduz em muita volatilidade e tensão nos mercados globais”, explica Miriam Tavares.


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Tensões do mercado persistem, diz chefe do BC americano