(Por Camila da Rocha Mendes) A crise pela qual passa a economia global já é bastante complicada por sua própria natureza. Para quem não é escolado em economia então, o noticiário financeiro pode parecer totalmente incompreensível, devido aos inúmeros termos utilizados. Porém, não se assuste, tendo este glossário à mão, fica mais fácil traduzir o “economês”.

 

Alavancagem: Uso de recursos de terceiros em operações no mercado financeiro. Ou seja, é um empréstimo utilizado para aplicações. Os bancos norte-americanos estavam muito alavancados antes da crise estourar. Eles usavam os recursos de depósitos de clientes para aplicar na Bolsa ou repassar em forma de derivativos para outras instituições. A alavancagem é calculada dividindo-se a dívida pelo patrimônio. Alguns bancos norte-americanos estavam alavancados em até 48, ou seja, para cada US$ 48 investidos eles possuíam apenas US$ 1 em caixa.

 

Ativos: Bens, direitos, créditos e valores pertencentes a uma empresa ou pessoa. Um ativo pode ser uma ação, um título público ou um direito de recebíveis.

 

Banco comercial: Os bancos comerciais possuem atividade dirigida ao varejo (como Bradesco ou Itaú, por exemplo), e têm como fonte principal de captação os recursos aplicados neles por pessoas físicas e empresas.

 

Banco de investimentos: Este tipo de banco é especializado em operações e financiamentos para empresas. Entre suas atividades está a administração de carteiras e fundos de investimentos, a assessoria de negócios e o lançamento de ações de empresas. Essas instituições não têm uma base de captação de recursos diversificada, dependendo de recursos de grandes clientes ou mesmo de outros bancos, no que é chamado de mercado interbancário.

 

Banco central: Um banco central é uma instituição financeira independente ou ligada ao Estado cuja função é gerir a política econômica, ou seja, garantir a estabilidade e o poder de compra da moeda de cada país e do sistema financeiro como um todo. Além disso, tem como objetivo definir as políticas monetárias (taxa de juro, câmbio, entre outras) e aquelas que regulamentam o sistema financeiro local. O banco faz isso vendendo (ou comprando) papéis do tesouro, dólares e determinando a taxa básica de juros, por exemplo.

 

Bolha: Bolhas econômicas são assim definidas quando o preço de um produto ou serviço sobe muito mais do que os conceitos econômicos conseguem definir. Em geral, é provocada pela especulação do mercado e pode "estourar" a qualquer momento, derrubando os preços. No caso da atual crise, a bolha começou no mercado imobiliário dos EUA. A facilidade de empréstimos, com a modalidade subprime, fez com que muitas casas fossem vendidas a preços que o mercado não sustentou.

 

Circuit Breaker: É um sistema de controle da oscilação dos índices das Bolsas. Quando as cotações superam limites estabelecidos (de alta ou de baixa), o pregão é interrompido, para evitar movimentos muito bruscos. Na Bovespa, o "circuit breaker" é ativado automaticamente, já que as negociações são feitas eletronicamente, quando a queda do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, ultrapassa 10%. Os negócios são então paralisados por trinta minutos e retomados em seguida. Depois da retomada do pregão, se a queda persistir, os negócios são novamente interrompidos quando a baixa supera 15%, e a pausa dura uma hora.

 

Derivativo: Ativo cujo valor e características de negociação derivam de outro ativo que serve de referência. No período em que a bolha imobiliária se formou nos EUA, muitos bancos criaram derivativos que tinham seu valor vinculado às hipotecas concedidas pelo subprime e foram vendidos a investidores em todo o mundo. Quando as pessoas deixaram de pagar as hipotecas aos bancos, o calote foi repassado por todos estes investidores. Estes títulos derivativos se tornaram, então, podres.

 

Federal Reserve: O Federal Reserve (Fed) é o banco central dos Estados Unidos. É responsável por elaborar e executar a política monetária do país e por regulamentar o funcionamento dos bancos.

 

Hipoteca: Empréstimo feito dando o imóvel como garantia. A propriedade só é transferida ao tomador do empréstimo quando ele é quitado.

 

Injeção de recursos: Empréstimos de curto prazo colocados à disposição dos bancos (comerciais e de investimentos) pelos bancos centrais. O objetivo é aumentar a liquidez do sistema financeiro, dando condições para que as instituições cumpram com suas obrigações financeiras.

 

Leilão de dólares: Os leilões de dólares são realizados pelo Banco Central do Brasil, como forma de controlar a variação cambial. Podem ser de venda ou de compra de moedas, no mercado à vista ou no futuro, e são oferecidos aos bancos. Nos últimos dias, a autoridade monetária tem vendido dólares, para garantir a liquidez do sistema e conter o avanço da moeda.

 

Liquidez: É o grau de agilidade na conversão de um investimento em dinheiro, sem perda significativa de valor. Um investimento tem maior liquidez, quanto mais fácil for a conversão em dinheiro e quanto menor for a perda de valor envolvida nesta transação. Atualmente, se fala muito em falta de liquidez no sistema financeiro. Isso quer dizer que falta dinheiro disponível para que instituições financeiras (bancos, financiadoras, fundos de investimento) realizem operações.

 

Recessão: É a redução expressiva da atividade econômica de um país. Os economistas consideram uma economia em recessão quando há queda PIB (do Produto Interno Bruto) por dois trimestres consecutivos. Recentemente, a França entrou se encaixou nesta definição, entrando em recessão.

 

Subprime: A tradução para este termo da língua inglesa não dá para ser feita ao pé da letra, mas que dizer “de segunda classe”. Em sentido amplo, subprime é um crédito de risco, concedido a um tomador que não oferece garantias suficientes. Os bancos norte-americanos usaram e abusaram deste tipo de empréstimo, principalmente para hipotecas. A conseqüência foi que os tomadores destes empréstimos deixaram de pagá-los, desencadeando as turbulências que estamos sofrendo.

 

Taxa básica de juro: Segundo a economia, taxa de juro é o chamado custo do dinheiro, o que é cobrado para emprestá-lo, basicamente. Já a taxa básica é aquela determinada pelo Banco Central para a remuneração dos títulos federais negociados com os bancos. A taxa básica é usada em operações entre bancos e, por isso, tem influência sobre os juros de toda a economia. A redução dela estimula empresas e bancos a tomarem empréstimos e pode aumentar a atividade econômica. Já o aumento do juro básico, diminui a atividade e controla a inflação.

 

Títulos podres: São os títulos derivados de hipotecas. Quando os tomadores de hipotecas deram o calote nos bancos, estes não tinham dinheiro para pagar aos investidores que compraram tais títulos. Assim, estes papéis não encontraram compradores e ficaram extremante desvalorizados.


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Glossário: entenda os termos mencionados na crise global