(Por Camila da Rocha Mendes) Os Estados Unidos correm um sério risco de entrar em recessão, conclui o FMI (Fundo Monetário Internacional) em relatório semestral que avalia as perspectivas da economia mundial.

O documento, apresentado nesta sexta-feira (3), informa que a turbulência financeira iniciada no ano passado, causada pelos problemas no segmento de hipotecas “subprime” (de maior risco) nos EUA, se tornou uma "crise intensa" e deve atingir duramente a economia dos EUA, onde ela é mais sentida.

Para o estudo, o Fundo analisou o 113 episódios de turbulência financeira, ocorridos em 17 países desenvolvidos, durante os últimos 30 anos. Comparando o histórico de crises com o momento atual, a equipe de economistas do FMI acredita que os EUA estejam muito próximos de uma recessão.

Recessão assombra

Um quadro de recessão é determinado por uma forte retração da atividade econômica, que resulta na diminuição da produção de bens e na oferta de trabalho. Tecnicamente, para que a economia de um país entre em recessão, são necessários dois trimestres consecutivos de queda no PIB (Produto Interno Bruto). Por enquanto esta não é a situação dos EUA, mas o contágio da crise já levou a França a entrar em recessão.

Entretanto, o FMI avalia que a Europa está mais resistente a uma forte desaceleração da economia mundial. Já para os EUA, a avaliação é de que o país “continua enfrentando risco considerável de recessão, mesmo que os juros reais estejam baixos, segundo os padrões de recessões que foram causadas por estresse financeiro". Esta diferença se deve principalmente ao comportamento das famílias, diz o estudo: os norte-americanos economizam muito menos que os europeus, segundo o FMI.

Governo deve ajudar

Em linha com a opinião de muitos economistas, o Fundo considera "particularmente crucial que os poderes públicos adotem medidas enérgicas para favorecer o restabelecimento dos fundos próprios no sistema financeiro". O pacote que está em votação na Câmara dos Representantes dos EUA é uma medida que pretende devolver recursos, ou restabelecer os fundos como diz o FMI, ao sistema financeiro. A principal medida para tanto, será a compra dos ativos podres (atrelados ao subprime) que estão sob o poder de bancos, que pode chegar num total de US$ 700 bilhões.


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FMI diz que longa e grave recessão ameaça EUA