(Por Camila da Rocha Mendes) Apesar da crise financeira internacional, o mês de setembro ainda não deu sinais de que o comércio brasileiro tenha sido afetado. Pelo 30º mês consecutivo o comércio da região metropolitana de São Paulo registrou alta.

 

Em setembro a elevação nas vendas foi de 9,5% no contraponto ao mesmo período de 2007, segundo apurou a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). No ano, o índice acumula variação positiva de 5,4%. A maior elevação foi no setor de Concessionária de Veículos (40%), enquanto a principal queda foi nas lojas de Autopeças e Acessórios: (-21%).

 

De acordo com a Fecomercio, até setembro o comércio varejista continua apresentando o ritmo verificado ao longo do ano: vendas aquecidas e impulsionadas pela combinação positiva das expansões do crédito e da renda.

 

“Mesmo com a alteração das percepções relativas ao cenário internacional, a tendência de curto prazo pouco deve se alterar. Alguns setores do varejo podem mostrar antecipadamente sinais de reação a um quadro mais complexo, como o setor de venda de automóveis e de eletroeletrônicos”, avalia a Fecomercio.

 

Concessionárias de Veículos

 

Em setembro as Concessionárias de Veículos registraram o melhor resultado e tiveram alta de 40% na comparação com o mesmo período de 2007. Nos nove primeiros meses do ano a atividade acumula alta de 18,9%. Essa taxa mensal é mais elevada no ano, em termos de crescimento relativo e pouco abaixo recorde histórico alcançado em julho, em termos de volume de vendas.

 

“Esta trajetória talvez apresente uma modesta retração nos próximos meses, devido à diminuição no volume de concessões de crédito destinada à aquisição de veículos para pessoas físicas, redução de prazos e aumento de juros”, adverte a entidade.

 

Demais segmentos em alta

 

O setor de lojas de materiais de construção apresentou elevação de 30,5% no faturamento real de setembro, e acumula no ano alta de 16%. “O desempenho positivo ao longo dos últimos meses é fruto da crescente oferta de crédito, principalmente destinado à habitação”, explica a pesquisa.

 

O segmento de Vestuários, Tecidos e Calçados registrou elevação de 29,9% ante mesmo período de 2007. No acumulado de 2008, a alta é de 24,2%. As liquidações de queima de estoque para a troca da coleção outono-inverno pela coleção primavera-verão em que os lojistas chegam a conceder descontos de até 70% em suas mercadorias, influenciaram diretamente este resultado, aponta a pesquisa.

 

“É importante ressaltar que como parte das mercadorias comercializadas neste segmento é importada, pode haver alguma pressão nos preços destas mercadorias em virtude das recentes instabilidades cambiais”, alerta a Fecomercio. Outro fator que pode resultar em arrefecimento nas vendas da atividade é a entrada da coleção primavera-verão dotada de preços mais elevados, o que costuma gerar reflexo nas vendas do setor.

 

A oferta de crédito, aliada à melhoria do emprego e renda na região metropolitana de São Paulo, impulsionaram as vendas no setor de farmácias que em setembro contabilizou alta de 15,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

 

Em setembro, o faturamento das Lojas de Eletrodomésticos e Eletroeletrônicos cresceu 11,7% frente ao mesmo mês do ano passado e acumula alta de 12,5% em 2008. “Esses resultados além de não indicarem um início de reação negativa ante a crise internacional que se intensificou nos dois últimos meses, também voltaram a mostrar um vigor excessivo do segmento”, julga a entidade.

 

No caso de eletroeletrônicos no momento é difícil traçar uma projeção de desempenho para qualquer que seja o setor, ainda mais para um segmento tão influenciado por variáveis externas e crédito. A crise econômica internacional deve dificultar análises mais razoáveis. Existem correntes de analistas acreditando que no curto prazo os consumidores tendem a antecipar compras com receio de alta de preços e cortes de linhas de financiamento. Outros acreditam que a tendência é de redução do consumo a partir do último trimestre e ainda há os que acreditam que os efeitos sobre o consumo serão pequenos.

 

Supermercados

 

Ao contrário das outras áreas do comércio, o segmento de supermercados apresentou em setembro, queda de 12,5% no faturamento real frente ao mesmo mês do ano anterior e acumula no ano, retração de 2,6%. O desempenho negativo é atribuído aos aumentos de preços das commodites por fatores sazonais repassados ao consumidor, além do comprometimento de renda da renda líquida da população, devido ao crédito.


int(1)

Faturamento do comércio paulistano sobe 9,5% em setembro

Sair da versão mobile