(Por Camila da Rocha Mendes) – Os efeitos da crise econômica internacional no planejamento orçamentário do governo foram comentados pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, no programa Bom Dia Ministro, nesta quinta-feira (16). Na entrevista, transmitida via satélite a rádios de todo País, Bernardo também reafirmou a disposição do governo em garantir ao máximo a continuidade dos investimentos no Brasil, sejam eles públicos ou privados.

Sobre a crise internacional, Bernardo afirmou: “ Não podemos dizer, de forma alguma, que não estamos preocupados com essa crise”. Sobre o papel do governo federal, o ministrou defendeu a postura dos dirigentes – entre eles o ministro da Fazenda Guido Mantega, o presidente do Banco Central Henrique Meirelles e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva – que vêm travando diálogos com autoridades de todo o mundo.

“Se dependêssemos de medidas a serem tomadas agora, provavelmente estaríamos no mesmo redemoinho que se encontram os Estados Unidos e a Europa. O que nos protege são as medidas que o governo adotou nos últimos seis anos, quando conseguimos sólidas reservas de dólar”.

Um bom Natal

O Ministro destaca o controle da inflação, o orçamento federal equilibrado e o aumento do crédito, como medidas de sucesso adotadas nos últimos anos. “Essas medidas trazem uma certa blindagem ao Brasil”, justificou. “O trabalho que o governo está fazendo agora liberando recursos de compulsórios no Banco Central, prevendo recursos para o crédito dos exportadores, para a agricultura, tem o objetivo de diminuir o efeito da crise. Tudo indica que teremos um bom Natal”, avaliou o ministro que completou, “O Brasil deve gerar mais de dois milhões de empregos em 2008”.

Crescimento e emprego

Otimista, o ministro prevê: “Vamos crescer mais de 5% este ano. A previsão para o ano que vem é de 4,5% e de certa forma todos concordam que deve diminuir um pouco esse crescimento”. Analistas estimam expansão da economia brasileira de 4,5% neste ano e de cerca de 3% no ano que vem.

“Não vejo nenhum motivo para os servidores públicos ficarem preocupados e tão pouco os beneficiários dos nossos programas sociais, visto que o governo tem a orientação do presidente Lula de não mexer nos programas sociais”, tranqüilizou Bernardo.

Porém, o ministro alertou para os riscos no mercado de trabalho, pois “se diminuir o ritmo de criação de empregos, se diminuírem as vendas, se a economia desacelerar, corremos o risco de ter um aumento de desemprego”. Apesar de que o mercado brasileiro ainda não revelou impactos da crise, “é bem provável que diminua o ritmo de crescimento, mas não sabemos em que medida”, admitiu o ministro.

Cortes no orçamento

Com relação aos gastos do governo, o orçamento será controlado, afirmou o ministro. “A orientação do presidente é para preservar os programas sociais e o Plano Nacional de Desenvolvimento (PAC), prioridades que não sofrerão cortes”, enfatizou. “Em outros investimentos, é evidente que se tiver menos receita, vamos ter que fazer cortes. Isso não afetará investimentos nos municípios incluídos no PAC. Os não-incluídos provavelmente sentirão os efeitos, porque temos a obrigação legal e constitucional de manter o Orçamento equilibrado”, esclareceu o ministro.

Pré-sal

“A avaliação é de que temos condições de manter os planos de exploração do petróleo e conseguir financiamento para isso. Com relação ao petróleo que não está incluído na camada pré-sal, a Petrobras tem condições de conseguir financiamento ou mesmo com receita própria fazer todos os investimentos que estão programados”, explicou categoricamente Paulo Bernardo.

A chamada camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). O petróleo encontrado nesta área está a profundidades que superam os 7 mil metros, abaixo do leito do mar e de uma espessa camada de sal. Nesta área foram detectados vários campos de petróleo, sendo que o principal deles é o de Tupi, cujo potencial de extração é de 5 a 8 bilhões de barris.

 


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Brasil tem reservas para enfrentar crise mundial, diz ministro do Planejamento