(Por Camila da Rocha Mendes) Se o foco das atenções de investidores estava nos problemas que os bancos estrangeiros enfrentavam, sendo que muitos deles declararam falência, agora ele se dirige para os impactos da crise na economia mundial.

 

Nesta quarta-feira (15), autoridades norte-americanas alertaram publicamente para o risco de o país entrar em recessão. O presidente do Federal Reserve (o Fed, banco central dos EUA), Ben Bernanke, declarou que "A estabilização dos mercados financeiros é um primeiro passo fundamental. Entretanto, mesmo que se estabilizem como esperamos, uma recuperação econômica mais ampla não chegará como ato seguido", durante uma conferência no Clube Econômico de Nova York. O quadro de deterioração da maior potência econômica do mundo é preocupante, pois ele pode contaminar todo o globo.

 

Falta de confiança e consumo menor

 

Também nesta jornada, foi divulgado o Livro Bege, um documento elaborado pelo Fed que avalia a situação econômica de cada Estado norte-americano. E os dados trazidos pelo levantamento não são nada animadores.

 

Mesmo num período próximo ao Natal, quando a produção tradicionalmente aumenta, a atividade industrial e o consumo recuaram em todas as regiões averiguadas pelo livro. O Fed traça um panorama predominantemente sombrio da economia norte-americana, dando a entender que a crise se estendeu progressivamente do setor financeiro para o conjunto da economia.

 

Ao mesmo tempo, pesquisas revelaram que os norte-americanos estão menos confiantes no país. Segundo pesquisa Reuters/Zogby, "As pessoas sentem que nada no país está funcionando –o presidente (George W. Bush), o Congresso, as empresas". O índice que mede a confiança da população nas instituições norte-americanas caiu de 96,3, em setembro, para 89,7 pontos em outubro. A equipe econômica responsável pelo levantamento avalia que “é seguro dizer que essa é a pior crise de confiança no país desde 1932 (quando os EUA ainda atravessavam a Grande Depressão, iniciada em 1929)".

 

Também contribuiu para aumentar as preocupações, a informação de que as vendas no comércio varejista norte-americano encolheram 1,2% em setembro no confronto com um mês antes. Nos EUA, o consumo das famílias representa cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, é a principal locomotiva da economia.

 

Bolsas contabilizam mais um dia de fortes perdas

 

Refletindo o clima de pessimismo trazido pelos indicadores econômicos, a Bolsa de Nova York voltou a registrar uma forte queda nesta quarta-feira, numa sessão dominada por temores de recessão nos Estados Unidos, alimentados por indicadores econômicos ruins. O Dow Jones perdeu 7,87%, a maior baixa desde o crash de 1987, e o Nasdaq, 8,47%.

 

Da mesma forma, a Bovespa desabou 13,16%, aos 36.096 pontos. O sistema de Circuit Breaker foi acionado pela quinta vez nos últimos 17 dias, quando a queda ultrapassou 10%, mas não foi suficiente para conter a derrocada.

 

Diante do temor de que a maior economia do mundo possa entrar em recessão, as ações que mais ajudaram a derrubar as Bolsas foram justamente as de empresas exportadoras. No Brasil, Vale e Petrobrás lideraram as perdas, enquanto na Europa, ações da Siemens e da Rio Tinto caíram expressivamente. Em Londres, a queda foi de 7,16%; em Paris, a Bolsa apresentou perda de 6,82%; já em Frankfurt o mercado de ações caiu 6,49%.


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Bolsas voltam a cair diante de dados ruins da economia dos EUA