(Por Camila da Rocha Mendes) A crise financeira global provocará um aumento no número de pobres e indigentes na América Latina no ano que vem, informou a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), em estudo divulgado nesta terça-feira (9).

Apesar de a pobreza ter diminuído entre 2007 e 2008, caindo um ponto percentual para 33,2% da população, as projeções para o próximo ano não são nada animadoras. Além disso, a pobreza extrema aumentou: a previsão é de que feche 2008 atingindo 12,9% (71 milhões) da população latino-americana contra 12,6% do ano passado (68 milhões de pessoas).

De acordo com a Cepal, os níveis de pobreza e indigência refletem o choque do aumento da inflação, que subiu por quase dois anos, principalmente em virtude da alta nos preços dos alimentos – embora nos últimos meses os preços em geral tenham parado de subir.

2009 chega sombrio

A instituição, que é um braço da Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que os efeitos da atual crise internacional serão drásticos. Com o emprego se estagnando no próximo ano, aumentará, ainda que moderadamente, a população de pobres e indigentes na região.

"Espera-se que o emprego permaneça estancado durante 2009 e as remunerações reais se mantenham, em média, sem variações, ou diminuam levemente. As previsões indicam uma deterioração da renda dos lares, que se concentraria nos trabalhadores autônomos e nos assalariados informais", detalhou o informe.

“Nesse contexto, é provável que a pobreza e a indigência cresçam ligeiramente, estendendo o comportamento negativo já iniciado em 2008", conclui o estudo.

Países dependentes dos EUA

Segundo a instituição, os países que dependem dos Estados Unidos serão os mais afetados. Também estão em situação mais frágil os países com estruturas de exportações menos diversificadas e concentradas em bens cujos mercados foram os mais sensíveis à crise ou que têm sistemas financeiros menos amadurecidos.

A Cepal não disse com todas as letras, mas a análise dá a entender que o Brasil está menos vulnerável que seus colegas latino-americanos, uma vez que tem uma pauta de exportação diversificada e é menos dependente dos EUA do que a América Central e o México. Além disso, o Brasil hoje não tem mais dívida externa e possui uma gorda reserva em dólares, o que faz seu sistema financeiro mais estável.


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América Latina está mais pobre, verifica Cepal

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