O Chile é um dos países sul-americanos mais visitados pelos brasileiros. Ao lado da capital Santiago e da Patagônia, o Atacama é roteiro obrigatório. Conhecer o deserto mais seco do mundo é uma experiência única de contato com a natureza e um deslumbramento visual. A região tem cores inacreditáveis e paisagens de deixar qualquer um boquiaberto. Como o clima é tão diferente do Brasil, reunimos dicas, curiosidades e cuidados importantes para saber antes de fazer as malas para San Pedro de Atacama.
1) Viagem
São Paulo fica a 2,5 mil quilômetros de distância de Santigo, capital chilena. Até lá, são quatro horas de voo, mas para chegar em San Pedro de Atacama o caminho ainda é longo. São mais duas horas de avião até Calama, a maior cidade da região, e outra uma hora e meia de carro até finalmente chegar ao povoado.
A viagem não é muito cansativa, todos estes locais têm estrutura preparada para receber os turistas, mas este tempo faz diferença na hora de planejar o roteiro. Tenha em mente que você vai perder dois dias inteiros do calendário – ida e volta – apenas em trânsito, então é preciso ter, no mínimo, quatro dias de folga para dar tempo de fazer os passeios imperdíveis.
2) Cachorros!
No Chile, os cachorros de rua fazem parte do cenário das cidades e viraram atração turística porque é simplesmente impossível circular por qualquer lugar sem reparar neles o tempo todo. Chamados de “perritos callejeros”, são tranquilos, dóceis e ficam deitados nas portas de lojas e ao redor de mesas de restaurantes nas calçadas só vendo o dia passar.
Estima-se que mais de 2,5 milhões vivam pelo país. O detalhe é que apesar de estarem nas ruas, muitos deles têm donos, mas só são despreocupados demais. As famílias destes cães os deixam livres sem castrá-los e não se preocupam com abrigo quando saem de férias, por exemplo, fazendo com que este número aumente em certas épocas do ano. A situação causa dores de cabeça ao governo, mas os turistas não têm do que reclamar!
3) Altitude e temperatura
San Pedro de Atacama, vila com pouco mais de três mil habitantes, fica a 2.400 metros acima do nível do mar, mesma altitude de Machu Picchu, no Peru, por exemplo. Mas, diferente do destino peruano, onde a altitude causa muito desconforto, dores de cabeça e o consumo do chá da folha de coca é necessário, no Atacama a altitude quase não é sentida pelo corpo com estes mesmos sintomas. No deserto, ela aparece mais nas variações bruscas de temperatura ao longo do dia.
Por exemplo, um dos passeios, o Gêiseres de Tatio, fica a mais de 4.300 metros de altitude. Os turistas sobem mais de dois mil metros em quarenta minutos, período em que a temperatura despenca de 15ºC para -12ºC. Isto em uma manhã de outono porque no inverno pode chegar a -20ºC. Ao retornar para San Pedro, cerca de três horas depois, o termômetro já está na casa dos 20ºC com sol brilhando forte. Ou seja, é muita mudança em um período curto de tempo.
Por isso, é importante estar sempre preparado. Primeiro, vista-se em camadas, não esqueça os óculos escuros, o protetor solar e a água. Leve também vitamina C na mala para a gripe não te pegar antes da viagem chegar ao fim.
4) Deserto mais árido do mundo
O Atacama é o deserto mais árido e alto do mundo. O que significa que chove apenas três vezes ao ano e a água que permite que exista alguma vegetação vem do degelo da Cordilheira dos Andes. Por isso, existem pouquíssimos vilarejos na região e San Pedro de Atacama é o mais conhecido por ser ponto de encontro turístico e ter estrutura hoteleira e de restaurantes.
No dia a dia, o tempo seco não é nenhum problema desde que você se mantenha hidratado, mas à noite é um pouco mais complicado. Usar algum remédio para umidificar o nariz já ajuda, mas caso você tenha problemas respiratórios, cheque se o hotel oferece umidificador e calefação no quarto porque fará bastante diferença na qualidade do sono e no desconforto na hora de respirar.
5) Fique de olho aberto
Como o deserto é extenso, o Atacama não é um destino em que é possível fazer seu próprio roteiro e ir de um lugar a outro caminhando. As excursões são sempre fechadas e levam pelo menos um período do dia. Em alguns, é possível ir de bike, mas a grande maioria é mesmo feita de van, por isso fique atento ao estado dos carros das agências para não ter nenhum susto.
O lado positivo deste deslocamento é que em pouco tempo dá pra percorrer uma boa parte do deserto e ver paisagens muito diferentes umas da outras. Vale o esforço de se manter sempre de olhos bem abertos, resistir e não tirar aquele cochilo na estrada porque além da beleza natural, é comum os guias protagonizarem um safári em busca de alguns animais, como a vicunha e o burro selvagem.
6) Vulcões
O Chile tem 105 vulcões ativos, dois deles estão na região de San Pedro. Um deles é o Lascar, que entra em erupção em média duas vezes todos os anos. O outro é o Putana, que não entra em erupção há bastante tempo, mas solta fumaça constantemente. Ambos fazem parte da Cordilheira dos Andes. Fique ligado que dá pra ver a fumaça deles durante os passeios como você consegue reparar no centro da imagem abaixo.
Mas a grande estrela local é o Licancabur. O vulcão, de cinco mil metros que fica exatamente na fronteira entre Chile e Bolívia, está adormecido, é o destaque do horizonte e fica sempre à vista de praticamente todos os lugares que se olhe.
7) Turismo de aventura
Já pensou em subir até o topo de um vulcão? No Atacama, há uma variedade de opções de turismo de aventura e, entre elas, a de conhecer a parte mais alta de alguns “volcanos”. Para isso, a principal exigência é estar, no mínimo, há seis noites na cidade por causa da ambientação com a altitude.
Para subir no Lascar, por exemplo, que fica a 5.600 m, o passeio dura das 5h30 às 18h e custa 90 mil pesos (aproximadamente R$ 450). Para conhecer o Licancabur, que está a 5.917 m de altitude, são necessários dois dias inteiros com uma noite de acampamento e sai por 170 mil pesos (aproximadamente R$ 850).
8) Olhe para cima
As cores do Atacama são das coisas que fazem a paisagem ser tão impressionante e mágica. O céu é um espetáculo inesquecível justamente por causa delas! Para começar, um azul espetacular pela manhã. Depois, o pôr do sol tem tantas cores que você nem sabe direito para onde olhar e, à noite, a visão das estrelas e da lua. Dependendo da época do ano, é possível fazer passeios noturnos para vê-las melhor.
9) Culinária
Primeiro: beba vinho! As bebidas locais são excelentes e com preços bem acessíveis. Mas, como manter-se hidratado é essencial para a vida no deserto, vamos focar nos sucos chilenos. Já ouviu falar da chirimoya? É uma espécie de fruta do conde e o suco é super comum e muito gostoso. Procure também pelo pepino doce, uma fruta saborosa e refrescante que lembra a mistura de pepino e melão.
10) Arquitetura
Conhecer o Atacama é um passeio de contemplação da natureza. Mas, para quem gosta de arquitetura, a vila de San Pedro é de uma beleza singela e vale muito a pena bater perna por lá. O clima rústico, bem roots, ganha mais charme com o marrom da cidade. O local tem uma lei que obriga todas as construções serem de adobe para manter a identidade regional. Não deixe de conhecer o mercado de artesanatos, a Praça das Armas e os restaurantes e bares da rua Caracoles (esta que aparece na imagem).
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Deserto do Atacama
Turismo no Deserto do Atacama:
Para visitar o Chile, o turista brasileiro precisa de uma carteira de identidade com menos de 10 anos de expedição ou um passaporte válido por pelo menos seis meses.
Para se chegar a San Pedro de Atacama, saem voos do Rio de Janeiro e de São Paulo para Santiago, capital chilena. A moeda local é o peso chileno. Um real vale aproximadamente $194 pesos.* Para comparação, um refrigerante nos aeroportos custa 1.550 pesos chilenos, o equivalente a R$ 8.
**a repórter viajou ao Chile a convite do Hotel Tierra Atacama