
Turismólogo explica diferenças que impedem Brasil de funcionar como a Suíça (Foto: Divulgação)
Por Vitor Vianna*
A Suíça segue como um dos destinos mais atraentes do mundo, com crescimento populacional impulsionado pela imigração e um setor de turismo aquecido. Segundo dados do Trading Economics, a previsão é que a população suíça alcance 8,91 milhões em 2025, reflexo desse fluxo migratório constante. O turismo também segue em alta, com um aumento expressivo no número de pernoites de brasileiros em 2024 e um desempenho positivo do setor como um todo.
CLIQUE E SIGA NOSSAS REDES SOCIAIS
Instagram – Famosos, Música, Vídeos Engraçados, Life Style e muito mais!
TikTok – Os melhores vídeos do mundo do Entretê de um jeito que você nunca viu!
Facebook – Todas as notícias do Virgula em apenas um clique, em um só lugar!
Durante minha passagem pelo país, me deparei com uma realidade muito diferente da nossa aqui no Brasil. A Suíça impressiona, sem dúvida, mas será que estamos realmente preparados para viver como eles vivem? Porque não se trata apenas de organização ou limpeza, mas de uma cultura inteira fundamentada em responsabilidade, regras, silêncio, pontualidade e, principalmente, na aceitação de que se deve contribuir mais para o bem coletivo.
Por lá, paga-se imposto até pelo cachorro e, em muitas cidades, as crianças vão sozinhas para a escola desde pequenas. Fazer barulho depois de certo horário pode render advertência ou multa. Pode parecer extremo para os nossos padrões, mas essa é uma sociedade que prioriza o bem-estar comum, mesmo que isso signifique abrir mão de certas liberdades individuais.
Outro dado curioso e difícil de imaginar no Brasil é que a maioria dos políticos suíços não vive da política. Eles mantêm seus empregos: são médicos, professores, agricultores, empresários, e atuam como parlamentares de forma paralela. Esse modelo, conhecido como “sistema de milícia cívica”, evita que a política se torne uma carreira isolada e, com isso, mantém os representantes conectados à realidade e aos desafios da população. É como se o Parlamento fosse formado por cidadãos comuns, que, por um período, se dispõem a colaborar com o país.
LEIA MAIS DO VIRGULA
- “Pessoas não têm mais tempo para assistir novela”, diz ator de folhetins marcantes da TV
- “Estética não precisa ser inimiga da autoestima”, diz Monique Alfradique sobre procedimentos
- Fernanda Campos confirma que pode ser ouvida pela Justiça no caso Neymar x Piovani
E é aqui que cabe uma reflexão: será que queremos mesmo o padrão europeu ou queremos apenas os benefícios de um país de primeiro mundo sem abrir mão de nada? Na Suíça, por exemplo, existe um imposto anual sobre grandes fortunas. Recentemente, o país começou a debater um referendo para taxar em 50% as heranças bilionárias. Isso mostra uma mentalidade coletiva diferente: quem tem mais, colabora mais. Uma lógica que contrasta com o velho ditado brasileiro de que “quem pode mais, chora menos”.
Essa diferença de mentalidade ajuda a explicar por que as coisas funcionam tão bem por lá. Não é só sobre dinheiro ou impostos. É sobre comportamento e valores. É sobre gente que espera o sinal abrir para atravessar a rua, mesmo quando não há nenhum carro à vista. Sobre uma sociedade que não precisa de catracas nas estações de trem e que entende que pagar pelo sistema – mesmo que não o use diariamente – é o que garante sua existência para todos. Não estou dizendo que a Suíça é perfeita, mas talvez seja hora de deixarmos de apenas admirar esses países e começarmos a refletir sobre o que podemos aprender com eles.
Acho que a pergunta mais honesta que podemos nos fazer é: queremos viver como na Suíça ou queremos apenas colher os frutos de um país desenvolvido sem mudar nosso jeito de ser? Como alguém que trabalha com turismo há mais de 20 anos, viaja com grupos, apresenta um programa de viagens na TV e estuda diferentes culturas, posso afirmar: viajar ensina muito mais do que apreciar belas paisagens. Viajar faz a gente pensar. Faz a gente se questionar sobre o que estamos construindo no nosso próprio país. E, às vezes, nos mostra que o “jeitinho brasileiro” pode ser, justamente, o que está nos impedindo de crescer.
Sobre Vitor Vianna
Nascido em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Vitor Vianna começou a carreira como professor de educação física. Mas como tinha outras paixões, entrou também para o Jornalismo e, em seguida, formou-se como turismólogo. Em 2005, fundou sua própria agência de viagens, a Agência Aventureiros, que nasceu com o intuito de fomentar o turismo na cidade do Rio de Janeiro.
Com o passar dos anos, a agência expandiu suas possibilidades, incluindo destinos nacionais e internacionais. A partir de 2020, após o apresentador de TV Franklin David entrar em sociedade, a Agência Aventureiros passou a trabalhar em seu grande diferencial: deixou de lado o turismo em massa e passou a oferecer algo mais intimista e personalizado para os clientes em suas viagens, com mais qualidade e um turismo mais atrativo.
Ver essa foto no Instagram